Essa nova forma de combater o câncer promete mudar a oncologia (Foto: Science Photo Library/Science Photo Library) |
Cada dia mais avançada, a imunoterapia para o tratamento do câncer começou a escrever mais um capítulo de sua história: uma vacina terapêutica está atualmente passando pelos primeiros testes em seres humanos. Os responsáveis vêm da empresa americana Moderna, que anunciou em meados de novembro a novidade. Trata-se de uma vacina terapêutica personalizada – diferentemente das convencionais, ela será usada após o paciente receber o diagnóstico. É um tratamento que faz o próprio organismo reconhecer o câncer como um inimigo.
A tecnologia em questão foi batizada de mRNA 4157. E o nome tem motivo: a nova arma “se aproveita” do mecanismo do nosso RNA mensageiro, o mRNA, para agir no corpo. Se você não está com as aulas de biologia fresquinhas ne memória, basta entender que essas moléculas recebem e enviam ordens do DNA para o corpo.
Como vai funcionar a vacina mRNA-4157
1) Antes de tudo, identifica-se, no organismo do paciente, as principais mutações presentes em seu câncer. Sim, o tumor de cada paciente tem diferentes mutações, mesmo que se aloje no mesmo órgão.
2) A partir disso, são identificadas as 20 mutações que, de acordo com particularidades do seu organismo, têm maior chance de causar a reação imune desejada.
3) Com tecnologias de última geração, os cientistas transmitem essa informação para moléculas de mRNA e as inserem na vacina.
4) Uma vez injetadas no paciente, as moléculas de mRNA ensinam as suas células de defesa a detectar as tais mutações do câncer.
5) Aí, o sistema imune consegue combater “sozinho” o tumor.
Ou seja: como outras armas da imunoterapia, a vacina da vez não age diretamente na doença. Ela basicamente turbina as defesas do corpo. Parece incrível, não é mesmo? A ideia da Moderna é que, uma vez aprovada, a injeção fique pronta para cada paciente em poucas semanas depois do diagnóstico. A questão é: a que custo isso virá para a população? De pouco adianta ter uma arma revolucionária, se ninguém consegue pagar por ela. Mesmo que tudo dê certo nos estudos, ainda tem muito chão pela frente para que essa tecnologia esteja finalmente disponível. A previsão é que os resultados dessas primeiras análises fiquem prontos até o fim do ano que vem.
No momento, estão sendo investigadas a segurança e a reposta imunológica dos voluntários durante o uso. Mais adiante, serão esmiuçados a eficácia propriamente da vacina, principalmente quando combinada a uma medicação específica da farmacêutica MSD – o chamado pembrolizumabe. A tal MSD inclusive está apoiando os estudos com a vacina.
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