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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

5 métodos e substâncias surpreendentes usados no passado para aliviar a dor

Ter à disposição um comprimido para aliviar a dor é algo bastante moderno

No entanto, a dor tem sido parte da existência humana ao longo de nossa história. Nos séculos passados, era preciso apelar para substâncias como éter, animais como peixes elétricos e até procedimentos como um enema com fumaça de tabaco. Confira alguns destes métodos.

1. Éter – O composto conhecido como éter, ou éter etílico, já era usado muitos séculos antes da sua eficácia como anestésico ser conhecida. Os seus principais usos medicinais eram o tratamento de infecções pulmonares e do escorbuto – embora o composto também fosse usado como uma droga recreativa.Foi precisamente esse uso que levou à sua descoberta como analgésico.

Um médico chamado Crawford Long percebeu que seus amigos, quando se entorpeciam com éter, paravam de sentir dor quando feridos ou agredidos. Ele começou a explorar as possibilidades do uso do éter durante intervenções médicas. A substância passou a ser usada como anestésico em 1842. Embora seja relativamente seguro, o éter pode causar náuseas e vômitos – e por isso deixou de ser usado a partir do início do século 20. O éter é também inflamável, outra característica que contribuiu para o fim do seu uso. Por tudo isso, ele foi substituído pelo clorofórmio, que também tem a vantagem de ter uma ação muito mais rápida.

2. Cascas de salgueiro – As cascas de salgueiro foram usadas na Mesopotâmia a partir do ano 4.000 a.C. e na China e na Europa a partir de 400 a.C. Ela era mastigada para tratar da febre e de inflamações. Hoje, ela está comercialmente disponível em cápsulas, em pó ou em estado bruto. Acredita-se que funcione para combater dores de cabeça, dores causadas por artrite óssea e dores na região lombar.Seu ingrediente ativo é o mesmo da aspirina, cujo princípio químico é o ácido acetilsalicílico e tem em sua origem a salicina, presente na casca da árvore. A salicina funciona quando combinada com outros compostos presentes na casca: flavonóides e polifenóis.

Alguns estudos sugerem que esta mistura pode ser tão efetiva quanto a aspirina no alívio da dor e de inflamações, e em doses muito menores. Seus efeitos colaterais são geralmente suaves e acredita-se que seu efeito negativo no sistema gastrointestinal possa ser menor que o anti-inflamatório ibuprofeno, por exemplo. No entanto, está documentada também a possibilidade desta mistura, usada durante uma infecção viral, causar a Síndrome de Reye, uma doença rara que pode levar a danos no cérebro e no fígado, assim como a aspirina.

3. Esponja soporífera – A esponja soporífica, usada na Europa entre os séculos 11 e 17, foi a antecessora dos anestésicos atuais. Seu uso consistia em molhar uma esponja do mar em uma mistura de extratos de plantas e depois secá-la ao sol. Em seguida, a esponja era mergulhada em água quente e colocada sob o nariz do paciente antes da cirurgia. Para acordá-lo após a operação, a esponja era mergulhada em vinagre quente. A receita original dizia que a mistura de extratos de plantas deveria incluir ópio, mandrágora, cicuta e meimendro (uma planta conhecida por seu efeito narcótico).

Embora ao longo dos séculos outros ingredientes tenham sido acrescentados para tentar aumentar o efeito sedativo, estes quatro ingredientes originais sempre foram mantidos. Há relatos de médicos escritos ao longo dos séculos sobre seus resultados, e hoje sabemos que os quatro ingredientes de fato tinham efeitos sedativos e paralisantes. Por isso, eles podem ser considerados eficazes. Ao longo do tempo, no entanto, a solução perdeu popularidade.

4. Enema com fumo de tabaco – No final dos anos 1700, pensava-se que para ressuscitar as pessoas que se afogavam, elas precisavam ter o corpo aquecido e a respiração estimulada.Na Inglaterra, médicos adaptaram um método usado pelos nativos americanos para tratar da constipação em cavalos: a inserção de fumo de tabaco no reto. Naquela época, o tabaco havia acabado de chegar ao país e acreditava-se que o fumo curava a constipação, a dor do estômago, secava o corpo internamente e proporcionava estímulos.

No início, utilizava-se um cachimbo, até que foram percebidos os riscos causados pela inalação de chumbo – levando à criação de um conjunto de equipamentos, como tubos mais longos. Pessoas que ofereciam tratamentos com enema de tabaco começaram a se instalar nas margens do rio Tâmisa, em Londres. O procedimento passou a ser usado até para tratar dores de cabeça. Por vola de 1811, cientistas descobriram os efeitos negativos da nicotina e de outras substâncias contidas no tabaco no organismo humano, e a prática foi abandonada.


5. Peixe elétrico – No Egito Antigo, um método para curar dores nas articulações ou dores de cabeça consistia no uso da estimulação nervosa fornecida pelos peixes elétricos. Isto era feito da seguinte maneira: ou a parte do corpo dolorida era posicionada em uma tigela ao lado do animal, ou o peixe era diretamente colocado em contato com o paciente.

Ele tem alguma semelhança com um método atual conhecido como eletroestimulação percutânea – em que eletrodos ou agulhas finas são usados na pele para emitir pequenos impulsos elétricos. No entanto, existem controvérsias sobre a eficácia da estimulação elétrica como método para aplacar alguns tipos de dor.

BBC Brasil

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