por Verena Souza
11/02/2011
Iniciativa reduz gastos públicos em saúde e leva mais conforto aos pacientes de municípios de pequeno porte
A teleconsultoria em saúde, sistema pelo qual equipes do programa Estratégia Saúde da Família obtêm apoio remoto de especialistas de universidades, tem reduzido os encaminhamentos de pacientes a hospitais brasileiros. O estado de Minas Gerais desponta na utilização dessa ferramenta no atendimento à saúde.
As primeiras iniciativas em telessaúde - recurso que possibilita uma série de iniciativas em saúde à distância - surgiram em 2003 por meio do projeto @alis. O programa - financiando pela União Européia e aplicado em alguns países da América Latina - foi o estopim para as ações desenvolvidas atualmente no Brasil.
Hoje, dois programas são referência em teleconsultoria no Brasil. São eles: Rede Rede Universitária de Telemedicina (Rute), coordenado pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) - voltado para aprimorar a infraestrutura de comunicação para telessaúde nos hospitais universitários; e o Programa Nacional de Telessaúde, do Ministério da Saúde - focado no suporte da atenção primária. Apesar de objetivos distintos, ambos trabalham de forma integrada.
Economia de recursos
Minas Gerais já contabiliza resultados importantes no uso da teleconsultoria. A médica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC/UFMG), Maria Beatriz Moreira Alkmim, com sua tese de mestrado intitulada "Fatores Associados à Utilização de Sistema de Teleconsultoria na Atenção Primária de Municípios Remotos de Minas Gerais", constatou que o uso do sistema evitou o encaminhamento de pacientes em 80% dos casos analisados no mês de janeiro no HC/UFMG. O resultado é proveniente de uma amostra de 607 municípios de Minas Gerais, que fazem parte do programa.
Neste caso, o apoio remoto é feito pelo serviço de teleconsultoria do Centro de Telessaúde do HC/UFMG, juntamente com outras cinco universidades que compõe a rede mineira de teleassistência.
Os investimentos para o projeto, até o momento, foram de aproximadamente R$ 15 milhões: R$ 11 milhões do Estado, R$ 04 milhões do Ministério da saúde e R$ 250 mil da Rute.
Segundo o coordenador da RNP, a solução gera mais conforto ao enfermo e reduz os custos do sistema público de saúde e das prefeituras municipais. Para se ter uma ideia, em média, o encaminhamento de um paciente custa aos cofres públicos cerca de R$ 80 enquanto a atividade de teleconsultoria gira em torno de R$ 10.
Avanço em 2011
As expectativas para 2011 são de expansão. A Rute é conveniada ao governo desde 2007 e, diante da nova gestão, foi estabelecido a meta de expandir o serviço para os 246 municípios de Minas Gerais que ainda não fazem parte da rede. A princípio, o foco está na atenção primária.
Maria Beatriz enfatiza a importância de se estar próximo aos municípios atendidos e de conhecer suas necessidades. A Rute fornece às unidades os equipamentos como computadores, impressoras, máquinas fotográficas, eletrocardiogramas, entre outros.
No entanto, a previsão para até 2014 é de avançar na atenção secundária, atingindo mais 91 centros de saúde especializados e 125 hospitais.
"A Telessaúde precisa de muita divulgação, pois ainda enfrenta grandes dificuldades. Não é fácil fazer com que a tecnologia seja incorporada no sistema de saúde de lugares remotos. Existem muitos médicos aposentados no interior, resistentes ao serviço", explica Maria Beatriz.
Como funciona a teleconsultoria:
Antes de encaminhar pacientes para consultas em cidades maiores, os profissionais usam o sistema de teleconsultoria, interface na internet que permite troca de informações entre as equipes e especialistas de universidades.
Podem ser encaminhadas informações clínicas e fotografias de lesões, por exemplo, de modo que o profissional tenha uma segunda opinião sobre enfermidades, tornando mais precisos os diagnósticos e facilitando o seu tratamento.
http://www.saudebusinessweb.com.br/noticias/index.asp?cod=75784
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