Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) sugerem que um em cada oito casais no Brasil - ou seja, aproximadamente oito milhões deles - tenham dificuldades para gerar filhos. Em cerca de 42% dos casos de infertilidade, há fatores masculinos envolvidos, e 33% das causas estão presentes exclusivamente no organismo dos homens. A preocupação é que os índices de infertilidade masculina parecem ter aumentado consideravelmente nos últimos anos, interferindo nas taxas de natalidade mundiais. A razão pode estar diretamente ligada à exposição a poluentes, pesticidas e à alimentação.
Estudos recentes da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, indicam que, em cada cinco homens saudáveis com idade entre 18 e 25 anos, apenas um produz uma quantidade de espermatozoides normal e desejável, segundo orientação da OMS. À medida que o número de homens inférteis aumenta, alguns pesquisadores começam a se questionar se essa tendência pode comprometer a espécie humana dentro de algumas gerações.
Segundo o andrologista André Guilherme Cavalcanti, do Centro de Fertilidade da Rede D’Or, os problemas de infertilidade masculina são tão graves que se tornaram, recentemente, um caso de saúde pública mundial. “O homem tem um papel fundamental no processo reprodutivo e, hoje, 15% da população masculina mundial é infértil, taxa que vem superando a feminina”.
O médico explica que é preciso que eles visitem o urologista regularmente, como forma de evitar que alterações, provocadas por agentes muito comuns no ambiente e em sua rotina diária, dificultem ou impeçam uma produção satisfatória de células germinativas. “Dois terços dos problemas masculinos podem ser revertidos se forem diagnosticados e tratados. Para isso, é importante que os cuidados, que envolvem também alimentação e atividades físicas, comecem ainda na adolescência”, garante o especialista.
E as gestantes também precisam ficar atentas aos fatores que podem afetar a fertilidade. A especialista em reprodução humana Maria Cecília Erthal destaca que estudos já indicam que o consumo em excesso de carnes vermelhas e soja pela mãe, bem como a exposição ao cigarro e pesticidas, pode causar uma diminuição na produção de espermatozoides do futuro bebê.
Poluição e fatores de risco no trabalho
Outro estudo, realizado pela Unidade de Toxicologia Reprodutiva e de Andrologia do Hospital de Clínicas de São Paulo, aponta que a inalação de poluição teria como consequência o aumento da concentração de radicais livres no sangue, uma das principais causas da infertilidade masculina. O levantamento, realizado com 748 trabalhadores que absorvem com frequência o ar de grandes vias públicas, como motoristas de ônibus e táxis, apontou que 500 deles apresentavam algum tipo de alteração em seus níveis de fertilidade.
Algumas profissões são agressivas à capacidade reprodutiva masculina e costumam comprometer a qualidade seminal. “Calor excessivo, contato com metais pesados e solventes orgânicos presentes em tintas, radiação, atividade física excessiva e estresse são fatores de risco e demandam um acompanhamento da qualidade do sêmen”, diz o andrologista. A solução em alguns casos seria o congelamento do esperma, para a utilização futura.
Possíveis causas
Além de certos agentes externos e da poluição, que é um dos mais preocupantes para a infertilidade masculina, a idade, a frequência e técnica do coito, a exposição a tóxicos e certos medicamentos - como alguns para depressão, para hipertensão e queda de cabelo - e a presença de algumas doenças - como varicocele, clamídia, gonorreia, azoospermia - também podem ser fatores importantes. O especialista cita, ainda, o uso de álcool, cigarro e drogas, além do uso de laptop sobre o colo - por causa do calor -, como fatores que podem afetar negativamente a qualidade do sêmen.
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