Um número recorde de 41 novas "drogas legais" --compostos que, em sua maioria, não são proibidos pela legislação europeia-- foram descobertas na Europa em 2010, segundo relatório apresentado nesta quarta-feira pelo Centro Europeu de Monitoramento de Drogas e Vício em Drogas.
A quantidade é superior às 24 novas drogas legais verificadas no continente em 2009 e às 13 descobertas em 2008. O ritmo de crescimento foi considerado "sem precedentes" pela entidade autora da pesquisa.
A lista inclui versões sintéticas de canabinoides (compostos encontrados na maconha), catinonas (alcaloide estimulante, semelhante à anfetamina) e de outros narcóticos conhecidos e bastante consumidos.
As novas drogas receberam nomes como MDAI, iso-etilcatinona, 4-MBC e DMAA.
CHINA
Especialistas afirmam que as drogas legais são desenvolvidas por pessoas que estudam a literatura científica sobre compostos entorpecentes.
No total, foram descobertas em 2010 na Europa duas versões da ketamina e 15 versões da catinona --compostos semelhantes à mefedrona, droga tornada ilegal em muitos países da Europa no ano passado depois de se tornar popular em casas noturnas.
Segundo a entidade autora do relatório, caso as novas drogas sejam banidas, os seus criadores geralmente acabam desenvolvendo variações legais que são fabricadas geralmente na China e vendidas no continente europeu.
O governo britânico está propondo uma nova legislação para banir temporariamente as novas drogas legais até que elas sejam consideradas seguras para consumo pelo Conselho Consultivo sobre o Mau-Uso das Drogas (ACMD, sigla em inglês).
INTERAÇÃO
A entidade beneficente Drugscope afirma que houve agora uma "interação ainda maior entre os mercados farmacêuticos lícitos e ilícitos", com componentes químicos de origem legal sendo vendidos como substitutos para substâncias psicoativas ilícitas.
"A maquiagem dessas novas substâncias pode ter pouca relação com as expectativas dos usuários", disse o executivo-chefe do Drugscope, Martin Barnes.
"As head shops (lojas especializadas em produtos voltados ao consumo de drogas) e vendedores online, que muitas vezes compram grandes carregamentos de outros países, não podem ter certeza do que eles estão adquirindo e vendendo", afirmou.
O diretor do Centro Europeu de Monitoramento de Drogas e Vício em Drogas, Wolfgang Götz, disse que, "dada a velocidade com que novos desenvolvimentos ocorrem nessa área", é importante se antecipar a ameaças emergentes.
"Isto pode ser atingido ao ativamente adquirir, sintetizar e estudar novos compostos e ao melhorar a nossa capacidade de análise forense e pesquisa no âmbito europeu", afirmou.
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