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domingo, 15 de maio de 2011

Famílias investem mais em saúde que governo

Dado está no relatório 'Estatísticas de Saúde Mundiais 2011', divulgado pela Organização Mundial da Saúde

Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou, nesta sexta-feira, (13), um raio-x completo do financiamento da saúde e escancarou uma realidade: o custo médio da saúde ao bolso de um brasileiro é superior à média mundial. Segundo o estudo, o governo brasileiro destina uma das menores proporções de seu orçamento à saúde no mundo, inferior à média africana, e o setor no País ainda é pago em grande parte pelo cidadão. Em termos absolutos, o governo brasileiro destina à saúde de um cidadão um décimo do que europeus destinam aos seus. As informações são do estado de S. Paulo.

O raio-x é apresentado às vésperas da abertura da Assembléia Mundial da Saúde, em Genebra, e que terá a presença de ministros de todas as regiões para debater, entre outras coisas, o futuro do financiamento ao setor.

Dados da OMS mostram que 56% dos gastos com a saúde no Brasil vêm de poupanças e das rendas de pessoas. O número representa uma queda em relação a 2000. Naquele ano, 59% de tudo que se gastava com saúde no Brasil vinha do bolso de famílias de pacientes e de planos pagos por indivíduos.

Mesmo assim, a taxa é considerada como uma das mais altas do mundo. Dos 192 países avaliados pela OMS, apenas 41 tem um índice mais preocupante que o do Brasil. A proporção de gastos privados no Brasil com a saúde é, em média, superior ao que africanos, asiáticos e latino-americanos gastam em média.

Para fazer a comparação, a OMS utiliza dados de 2008, considerados como os últimos disponíveis em todos os países para permitir a avaliação completa.

Um dos fenômenos notados pela OMS no País foi a explosão de planos de saúde. Há dez anos, 34% do dinheiro na saúde no Brasil vinha de planos. Em 2008, a taxa subiu para 41%. Um brasileiro gasta ainda quase duas vezes o que um europeu usa de seu próprio salário para saúde. Em média, apenas 23% dos gastos com a saúde na Europa vem dos bolsos dos cidadãos. O resto é coberto pelo estado.

A taxa de dinheiro privado na saúde no Brasil também é muito superior à media mundial, de 38%. No Japão, 82% de todos os gastos são cobertos pelo governo. Na Dinamarca, essa taxa sobe para 85%. Em Cuba, os gastos privados de cidadãos com a saúde representam apenas 6% do que o país gasta no setor.

Já países onde o sistema de saúde é praticamente inexistente, o cenário é bem diferente. No Afeganistão, 78% dos gastos com a saúde depende dos cidadãos. No Laos, a taxa chega a 82%, contra 93% em Serra Leoa.

Orçamento

Outro dado revelador para a OMS é a quantidade de recursos num orçamento nacional que é destinado à saúde, o que mostraria a prioridade política do governo em relação ao tema. A entidade alerta que é esse dado que revela quanto de fato um governo está preocupado com a saúde de sua população, e não os discursos políticos ou anúncios de novos programas.
Nesse ponto, o Brasil está entre os 24 países que menos destinam recursos de seu orça

mento para a saúde. Em 2008, 6% do orçamento nacional ia para a saúde. A taxa representou um salto real dos 4,1% em 2000.
Mas é menos da metade da média mundial. Em geral, a OMS descobriu que 13,9% dos orçamentos nacionais vão para a saúde. Nos países ricos, a taxa chega a 16,7%. No Canadá, ela é de 17%.

A proporção do orçamento nacional que vai para a saúde é ainda inferior à média africana, de 9,6%. Segundo a OMS, o governo brasileiro destina à saúde menos que o grupo de países mais pobres do mundo.
Em valores absolutos, o levantamento da entidade constata que os recursos para a saúde dobraram em dez anos no Brasil, somando gastos governamentais e privados. Por pessoa, a saúde no País consome o equivalente a US$ 875,00. Há uma década, esse valor era de apenas US$ 494,00.

Desse total, US$ 385 são arcados pelo governo, um valor dez vezes menor que o que gastam os governos da Dinamarca e Holanda com a saúde de cada um de seus habitantes.

Em Luxemburgo, o governo gasta 13 vezes mais que o brasileiro para cada um de seus habitantes. Quem mais destina recursos de seu orçamento à saúde é o principado de Mônaco, 17 vezes mais que o Brasil, cerca de US$ 5 mil.

No outro extremo, o governo de Serra Leoa gasta US$ 7 por ano por pessoa. Em Mianmar, cada habitante recebe o equivalente a US$ 2.

Avanços

Apesar das constatações preocupantes em relação ao Brasil, os dados da OMS apresentam alguns avanços no País. O primeiro deles é de que o total gasto por privados e governos com a saúde aumentou de 7,2% do PIB em 2000 para 8,4% em 2008. A taxa ainda é inferior aos 11% em média destinado á saúde nos países ricos. Mas próximo da média mundial de 8,5%.

Outros avanços também são registrados. A expectativa de vida passou de 67 anos em 1990 para 73 anos, em 2009. Em geral, o brasileiro viva mais que a média mundial.

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