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sábado, 10 de setembro de 2011

Segunda opinião médica aumenta segurança do paciente e evita erro

Em hospital paulistano, 15% das revisões de diagnóstico mudam o direcionamento do tratamento e 2% apresentam erros graves

Aos 46 anos, José de Assis Martins, policial civil em Maceió, Alagoas, começou a sentir fortes dores na perna. O primeiro cirurgião consultado retirou um nódulo na panturrilha de Martins. Sem biópsia ou um análise mais profunda no material retirado, o caso foi encerrado.

Após o assassinato do irmão, dores e inchaço na parna voltaram a aparecer. O “caroço” também. O diagnóstico de câncer, feito por um clínico geral, apontou um nódulo pouco significativo para a saúde de Martins. Inseguro, o policial resolveu procurar outro especialista.

“Foi um cirurgião vascular quem retirou o segundo tumor e, dessa vez, mandou para a biópsia. Descobri que era um câncer maligno. Fiz radioterapia, mas a dor não passava e a ferida estava aberta na minha perna", recorda o policial.

Além conviver com um câncer não tratado durante cinco anos, a segunda operação foi mal feita. Boa parte do tumor continuava no local, e impedia a recuperação. “Não sabia mais o que fazer. Foi então que uma médica da Santa Casa da minha cidade indicou um oncologista no sudeste do País e recomendou que eu buscasse ajuda especializada. Na época, São Paulo era o fim do mundo para mim.”

Hoje, após o recente diagnóstico certeiro e a cirurgia bem-sucedida, Martins finalmente está livre da doença – sem necessidade de quimioterapia ou radioterapia.

"Já fiz os exames e meu médico disse que não tenho mais nada. Agora eu confio."

Loteria?
Cruzar com profissionais negligentes, ou ser o sujeito principal de imperícias até conseguir o tratamento correto, em algumas regiões do País, não representa uma exceção. Desviar de tais erros no sistema de saúde depende, muitas vezes, de uma segunda opinião médica.

A proximidade do local de trabalho, moradia ou a localização do consultório em bairros mais nobres, em geral, são os filtros usados pelos usuários de planos de saúde para escolher o médico no livrinho do convênio.

“É preciso consultar tais guias, mas não dá pra ser refém deles. O recomendado é recorrer às indicações de amigos e parentes. A insegurança existe desde o princípio. Cercar-se de referências ou insistir até achar um profissional que dê tranquilidade é fundamental em qualquer doença”, afirma Antonio Julio Sales Barbosa , ginecologista do Hospital Santa Catarina.

A regra não requer sexto-sentido. Exige, apenas, que os pacientes sintam segurança ao deixar os consultórios, independente da especialidade consultada. No Hospital A.C Camargo, em São Paulo, 15% das revisões de diagnóstico acabam mudando o tratamento e 2% apresentam erros iniciais gravíssimos – tumores que foram considerados primeiramente benignos eram, na realidade, malignos e vice-versa.

“Cirurgias cardíacas, tratamentos oncológicos e até estéticos são obviamente mais arriscados. Mas nenhuma área dispensa outras opiniões. Na obstetrícia, a segurança da gestante no médico garante uma gravidez saudável e um parto tranquilo”, ressalta Barbosa.

Médicos que propõem parto cesariano logo na primeira consulta, ou defensores ativos do parto natural e humanizado devem ser descartados sem receio. “Parto não é doença, mas não se deve confiar em profissionais que queiram convencer ou impor apenas um procedimento. Nenhuma posição radical deve ser aceita como verdade.”

Não, doutor!
Escolher um bom médico em meio à doença não é uma tarefa fácil. O mais importante, no entanto, é não se intimidar com a prepotência de alguns profissionais. Barbosa admite que muitos colegas têm dificuldades para lidar com a desconfiança de seus pacientes.

“A maioria se sente ofendido com a segunda opinião. É comum as pessoas nos procurarem para falar sobre o que leram na internet. Muitos médicos são até agressivos e respondem: se você já foi à internet o que veio fazer aqui?. A prepotência da categoria, entretanto, não é regra.”

Ademar Lopes, oncologista e chefe do departamento de cirurgia pélvica do Hospital A. C. Camargo, é ainda mais crítico na avaliação. Para o especialista, profissionais que não aceitam outro parecer atestam incompetência.

"Aproximadamente 20% dos pacientes que eu atendo me procuram para reavaliar um diagnóstico. Ir contra esse direto demonstra, no mínimo, medo de errar e insegurança profissional.”

O périplo também tem limites. Uma vez comprovada a avaliação inicial, cabe aceitar o tratamento proposto e escolher o profissional que mais ofereceu segurança e confiabilidade. A procura não deve ser pautada apenas na empatia. O fundamental é sentir profissionalismo e competência, não fazer novos amigos, defendem os especialistas ouvidos pelo iG Saúde.

Passos lentos
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Osvandré Lech, a busca por uma segunda opinião médica deve ficar cada vez mais constante com a ampliação do acesso à informação por parte dos pacientes.

“Com a internet, as pessoas já chegam aos consultórios questionando se as operações são mesmo necessárias, quais são as outras alternativas. É papel do profissional estar atualizado, conversar mais e explicitar as opções terapêuticas”, diz.

Nos Estados Unidos, por exemplo, nenhuma seguradora de saúde faz qualquer tipo de cirurgia sem a avaliação de outro médico, registrada no laudo.

“No Brasil, esta prática ainda está em evolução”, completa o presidente da SBOT.

Fonte IG

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