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sábado, 29 de outubro de 2011

Terapia genética inédita tenta salvar visão de britânico

O advogado Jonathan Wyatt, 63, que sofre de uma condição genética conhecida como "choroideremia", que afeta a visãoPesquisadores de Oxford, no Reino Unido, usaram uma terapia genética inédita para tratar um paciente britânico e evitar que ele perca a visão. O procedimento é uma versão avançada de um outro desenvolvido há quatro anos em Londres.

Pela primeira vez, cientistas tentaram compensar um problema genético nas células que captam a luz, posicionadas no fundo do olho, com injeções de células saudáveis.

O paciente é um advogado de Bristol, Jonathan Wyatt, 63, que sofre de uma condição genética conhecida como "choroideremia". Wyatt foi o primeiro de 12 pacientes submetido à técnica experimental, que deve se prolongar pelos próximos dois anos no Hospital John Radcliffe, de Oxford.

O médico de Wyatt, professor Robert MacLaren, acredita que só dentro desse período será possível ter certeza se a degeneração da visão do paciente parou de avançar. Se isto ocorrer, a visão do advogado terá sido salva.

"Se isto funcionar, então vamos querer tratar pacientes muito mais cedo, na infância, quando eles ainda tem visão normal (...) para evitar que eles percam a visão", afirmou.

MacLaren disse que, se a terapia funcionar, poderá ser usada também para outras doenças da visão, incluindo a forma de cegueira mais comum entre idosos, a degeneração macular.

"Esta é uma doença genética e não tenho dúvidas de que, no futuro, vai haver um tratamento genético para ela", disse.

VISÃO PREJUDICADA
Jonathan Wyatt enxergava normalmente até os 19 anos, quando começou a ter problemas para ver em ambientes escuros. Médicos disseram que a visão dele iria piorar e que ele poderia ficar cego.

Há dez anos ele começou a ter dificuldades para ler declarações durante julgamentos, em salas com menos iluminação.

"A pior ocasião foi quando eu estava lendo uma declaração para a corte e cometi um erro. O juiz me perguntou 'O senhor não sabe ler, sr. Wyatt?'. Então decidi abandonar a advocacia", disse.

Atualmente ele trabalha em casa e, sem o tratamento, aguardava ficar cego dentro de poucos anos. O advogado espera que a nova técnica permita que ele continue em sua profissão.

A doença de Wyatt, a choroideremia, é rara e é causada por uma versão defeituosa do gene chamado REP1. O problema faz com que as células do olho que detectam a luz, localizadas no fundo do olho, morram.

Os portadores da doença têm uma visão normal, mas, no final da infância, começam a deixar de ver durante a noite.

A partir daí a visão entra em fase de gradual degeneração. Os médicos afirmam que os pacientes podem perder totalmente a visão quando estão por volta dos 40 anos. Não havia tratamento para este problema.

A nova terapia genética testada em Oxford é simples: o processo de morte das células detectoras de luz é suspenso quando cópias sem defeito do gene REP1 são injetadas nestas células.

EM DEZ ANOS
A pesquisa de Oxford foi feita depois de um teste com terapia genética que começou há quatro anos no Hospital Moorfields, em Londres. O objetivo principal destes testes é demonstrar que a técnica usada em Londres é segura.

O tratamento, que adota um procedimento um pouco diferente, foi experimentado primeiro em adultos que já tinham perdido quase toda a visão e depois em crianças.

De acordo com o professor Robin Ali, que liderou a pesquisa, os testes mostraram que a terapia genética é segura e que houve uma melhora significativa em alguns pacientes.

O presidente da Academia de Ciências Médicas do Reino Unido, John Bell, afirmou que estes testes de terapias genéticas em Oxford e Londres sugerem que vários problemas de visão sem cura poderão ter um tratamento "dentro dos próximos dez anos".

Fonte Folhaonline

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