Rio de Janeiro – Após receber informações sobre as más condições e falta da infraestrutura no Hospital Municipal da Piedade, zona norte da capital fluminense, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), em vistoria na unidade, constatou inúmeras irregularidades em diferentes setores do hospital.
O relatório, divulgado ontem (27) pela comissão de médicos do órgão, aponta que, depois do fechamento do setor de oftalmologia, em 2009, houve uma redução de 25% no total das cirurgias no hospital, todas concentradas no único centro cirúrgico, que tem quatro salas. Ali, eram realizadas 180 cirurgias por mês e hoje, no entanto, o total de procedimentos cirúrgicos não passa de 60.
De acordo com o conselheiro do Cremerj, o pediatra Sidnei Ferreira, que acompanhou a fiscalização, a situação na unidade médica é precária devido à falta de recursos humanos e de profissionais de diferentes especialidades médicas. “Faltam materiais, equipamentos, instrumentos cirúrgicos, faltam pediatras, médicos da UTI [unidade de terapia intensiva] e na unidade coronariana”, declarou.
Segundo Ferreira, o corpo clínico da unidade concluiu que o centro cirúrgico deve ficar fechado até que as providências para reverter o quadro sejam tomadas por parte da direção. No local, foram encontrados diversos problemas, como falta de marcapassos e instrumentos cirúrgicos, que, em geral, é oferecido pelos próprios profissionais.
O conselheiro disse que a única sala do centro cirúrgico em funcionamento apresenta irregularidades. “O centro cirúrgico está com o seu funcionamento precário. São pinças cirúrgicas antigas, focos de luz que não funcionam, iluminação deficiente. Enfim, uma série de questões que precisam ser resolvidas para não colocar em risco a vida dos pacientes”, disse.
Sidnei Ferreira, que já trabalhou na unidade, defende que a direção do hospital volte a ser operada pelo governo federal. Segundo ele, a unidade, que foi municipalizada e está sob responsabilidade da prefeitura do Rio, precisa voltar a atender melhor seus pacientes. “Como é um hospital de ensino, os médicos reivindicam que o Ministério da Saúde e o MEC [Ministério da Educação] novamente peguem a direção do hospital. O Cremerj apoia inteiramente. A nossa luta é por um atendimento de excelência, um bom atendimento que sempre foi feito naquele hospital. O que nós queremos é colocar o hospital para funcionar. Nós somos contra o fechamento de qualquer leito, de qualquer unidade”, enfatizou.
Segundo o conselheiro, o hospital, que não dispõe de ambulância própria, não registra sua direção técnica no Cremerj desde outubro de 2011, contrariando resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM). Ainda de acordo Ferreira, o centro de tratamento intensivo (CTI) está sem chefia médica há oito meses e a falta de médicos é crítica. A comissão também encontrou problemas na farmácia com a falta de medicamentos, pois muitos chegam próximos ao fim da validade e acabam sendo descartados.
Procurada pela reportagem da Agência Brasil, a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil informou, por meio de nota, que só vai se pronunciar após receber o relatório do Cremerj, que também foi encaminhado ao Ministério Público Estadual. Os ministérios da Saúde e da Educação também serão comunicados, por se tratar de uma unidade médica de ensino.
Fonte Agência Brasil
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