Rio de Janeiro – Em 1906, o médico alemão Alois Alzheimer descobriu que
pacientes que tinham um tipo específico de demência apresentavam um quadro com
característica degenerativa. De modo geral, a demência do tipo Alzheimer costuma
ocorrer em pessoas com mais de 70 anos de idade, embora haja casos de doença
mais precoce, aos 60 anos, explica a neurologista Soniza Leon, do Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ)
Segundo a neurologista, existe relação entre Alzheimer e depressão. “Como o
humor e todo o conjunto de funções dependem das atividades corticais, a
alteração do humor pode fazer parte da doença, tanto a depressão quanto a perda
do juízo crítico, a mania, uma agitação psicomotora.” Ela destaca que alguns
pacientes não ficam parados, andam a noite toda, mantêm-se acordados, enquanto
outros permanecem totalmente parados, deprimidos. “Cada um tem uma manifestação
de humor, maior ou menos grave, para depressão ou mania. Isso vai variar de
paciente para paciente.”
Apesar de não existirem estudos que determinem qual é o percentual da
população mundial ou brasileira que sofre da doença, a neurologista informa que
isso varia de acordo com as populações e com as faixas etárias. De acordo com
Soniza, é possível encontrar pelo menos 20% de pacientes com demência na faixa
etária entre 80 e 90 anos, que pode ser provocada por outros problema, como
colesterol alto, hipertensão arterial sem tratamento e diabetes. “Então, 60% dos
pacientes que têm demência têm a demência do tipo Alzheimer junto com uma
demência por síndrome metabólica de outras causas.”
A médica admite que é muito difícil para a família conviver com um paciente
com Alzheimer e destaca a importância dos cuidadores de idosos. O trabalho
desses profissionais vem ganhando importância, pois, como as pessoas vivem mais,
ficam mais sujeitas a desenvolver demência e a depender de terceiros. Os
cuidadores hoje têm treinamento especial para lidar com esses casos. Em geral,
são técnicos de enfermagem ou de fisioterapia. Soniza destaca, porém, a
responsabilidade da família: “o cuidador é uma figura importante, mas a família
não pode deixar de fazer tudo para cuidar daquela pessoa”.
Ao suspeitar que um parente pode estar iniciando um quadro de demência, a
família deve buscar a avaliação de um neurologista, “porque esses sinais podem
estar presentes em demências que podem ser tratadas”, aconselha a médica. O
hipotireoidismo no idoso apresenta sinais semelhantes aos da doença de
Alzheimer, mas se houver tratamento de reposição do hormônio ou as causas forem
tratadas, o paciente pode recuperar a memória.
Existem outros tipos de demência que não decorrem de degeneração, entre elas
as demências por deficiência de vitamina B12, por diminuição de hormônio
tireoidiano, por hidrocefalia e por sífilis, além das que têm causas
infecciosas, como a encefalopatia do HIV.
Fonte Agência Brasil
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