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sábado, 27 de abril de 2013

Câncer surge como um grande problema da A.Latina, alertam especialistas

A América Latina, que focou durante décadas em combater doenças infecciosas como dengue, malária e aids, enfrenta um "tsunami" de câncer, no qual os Governos não prestaram atenção suficiente, alertou nesta sexta-feira Paul Goss, coordenador do relatório mais completo sobre o tema.   
 
O estudo considera que em 2009 houve cerca de 963 mil casos de câncer na região, sem incluir o Caribe, um número que subirá de forma exponencial em todos os países até 2020, incluindo altas de perto de 50% em Belize, Costa Rica e Colômbia.
 
Esse aumento vem junto com o envelhecimento da população na região, mas pode ser combatido com "medidas simples" como ações contra o consumo de tabaco, contra a obesidade e também com a vacinação para vírus que causam certos cânceres, disse à Agência Efe Goss, professor da Universidade de Harvard (EUA).
 
Goss se queixou de que os Governos não trataram o tema "como prioridade em sua agenda de saúde". Segundo o estudo, publicado na revista especializada "The Lancet", em 2030 os médicos diagnosticarão 1,7 milhão de casos na América Latina e haverá mais de um milhão de mortes anuais por esta causa.
 
O estudo, apresentado hoje em São Paulo, é o mais amplo sobre o assunto elaborado até agora, segundo seus responsáveis, que coordenaram uma equipe de 72 pessoas na América Latina, Estados Unidos e Reino Unido durante um ano. Um de seus desafios foi a escassez de dados, que revela em si mesmo a pouca atenção que os Governos latino-americanos deram ao tema, como mostra o relatório. Na região há somente registros detalhados sobre 6% dos pacientes de câncer, contra 95% nos EUA, explicou à Efe Brittany Lee, do Hospital Geral de Massachusetts.
 
O câncer é a maior causa de morte nos países desenvolvidos e entre 10 e 15 anos também o será na América Latina, segundo Carlos Barrios, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, integrante da equipe. O relatório é uma tentativa de chamar a atenção da sociedade para que sejam tomadas medidas preventivas de forma imediata, assinalaram.
 
A incidência do câncer na América Latina é de 163 casos por cada 100 mil habitantes, muito menor que nos EUA (300 por 100 mil) e Europa (264 por 100 mil), mas o número de mortes (13 por cada 22 casos) é quase o dobro dos EUA (13 por cada 37). De acordo com o estudo, isto se explica por um diagnóstico do câncer mais tardio, em etapas já avançadas, quando a cura é mais difícil. "Em parte é um problema de informação, já que em algumas áreas mulheres que sentem um volume em seu seio não vão ao médico, porque pode ser que não saibam que têm câncer de mama ou porque simplesmente assumem que não se pode fazer nada para curá-lo", explicou Brittany.
 
Outro impedimento é o acesso ao sistema de saúde, pois mais da metade (320 milhões) dos 590 milhões de habitantes da América Latina não tem cobertura médica, segundo o relatório. Os autores pediram aos Governos que invistam mais dinheiro em saúde, embora tenham enfatizado que se pode fazer muito com medidas de baixo custo. Por exemplo, poderia se reduzir em 30% os casos de câncer com a eliminação do tabagismo e outros 20% com a vacinação, disse Barrios.
 
O tema deveria preocupar não só os ministros de saúde, mas também os de economia. David Collingridge, editor de "The Lancet Oncology", disse à Efe que o câncer limita o Produto Interno Bruto (PIB) ao reduzir a produtividade e levar trabalhadores a se retirar do mercado. Goss alertou especialmente sobre o impacto da morte por câncer de uma mãe jovem, "o que frequentemente dizima a família".
 
Na América Latina a despesa média por cada paciente que recebe um diagnóstico de câncer é de somente cerca de US$ 8 por ano, frente a US$ 460 dos EUA, de acordo com o relatório. Mesmo assim, gera custos anuais de US$ 4 bilhões, incluindo tratamentos, remédios e a perda de vidas de forma prematura, assinala o estudo.
 
Seus autores acreditam que esse número vai aumentar, especialmente se os Governos não lidarem com o problema, considerado por eles como "uma epidemia em desenvolvimento".
 
Fonte R7

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