Perigo: crianças e idosos devem evitar dormir na mesma cama com seus pets |
Você deve pensar duas vezes antes de se aconchegar na cama com seu
animalzinho de estimação. Um novo relatório publicado na edição de fevereiro da
revista especializada Emerging Infectious Diseases informa que animais
aparentemente saudáveis podem transportar parasitas, bactérias e virus
causadores de doenças que podem levar à morte quando transmitidas ao homem.
Das 250 zoonoses – infecções transmitidas entre os animais e o homem – mais
de 100 são derivadas de animais domésticos, diz o veterinário Bruno Chomel,
professor de zoonose da Escola de Veterinária da Universidade da California e um
dos autores do relatório.
Mesmo que a transmissão de doenças seja baixa em comparação ao número de
pessoas que dormem com seus animais na cama – mais da metade de todos os
americanos que têm um bicho de estimação – Chomel diz que ainda assim existem
riscos.
“Dormir com o animal na cama não é uma boa idéia”, disse ele.
Um exemplo disso foi o que aconteceu com uma mulher de 69 anos que tinha
passado por uma cirurgia do quadril e dormiu com seu cãozinho na mesma cama. O
animal lambeu o local da incisão da cirurgia e a mulher teve uma meningite.
Outro incidente envolveu um garoto de 9 anos de idade que foi infectado por
peste, infecção bacteriana que pode causar a morte, ao dormir com seu gato
infestado por pulgas.
Segundo dados do relatório, dormir com o cachorro ou o gato, ou ainda
beijá-lo ou ganhar uma lambida do animal pode ocasionar ao homem diversas
doenças transmissíveis, dentre elas a ancilostomíase (popularmente conhecida
como amarelão), dermaftose, vermes dermatóides, linforreticulose e infecções
estafilocócicas resistentes a medicamentos.
Devemos estar cientes que os animais podem transmitir doenças ao homem, mas
os benefícios para a saúde de ter um animal de estimação superam os riscos – diz
Peter Rabinowitz, da Escola de Medicina da Universidade de Yale e autor do livro
didático “Human-Animal Medicine: Clinical Approaches to Zoonoses, Toxicants and
Other Shared Health Risks”.
Pesquisas já demonstraram que além de oferecer apoio psicológico e amizade,
os animais de estimação ajudam, dentre outras coisas, a baixar a pressão
sanguínea, aumentar a atividade física, reduzir o estresse e melhorar o humor do
dono.
Porém, o especialista adverte que pessoas com baixa imunidade correm mais
riscos de serem infectados também por animais. Dentre elas estão os idosos, as
crianças com menos de cinco anos de idade, os portadores de HIV e os pacientes
de câncer.
Quem tem um animal de estimação pode preservar a saúde com bons hábitos de
higiene, dentre eles lavando as mãos com água morna e sabonete depois de lidar
com os pets – principalmente com filhotes ou animais com diarréia. Rabinowitz
diz que estes “grupos de risco” têm maior probabilidade de abrigar uma infecção
transmissível ao homem. E ele recomenda que, ao receber uma lambida de seu
animalzinho, deve-se lavar imediatamente a região afetada.
Para evitar doenças, o relatório recomenda o controle de pulgas e carrapatos
por meio de programas de prevenção e de consultas veterinárias regulares. Os
autores do documento também aconselham os donos de animais a evitar beijar seus
gatos e cachorros ou levá-los para a cama.
Como grande parte das zoonoses não é diagnosticada ou informada aos órgãos de
saúde, Rabinowitz diz que o número de ocorrências anuais destas doenças é
desconhecido. Entretanto, ele suspeita que milhões de infecções sejam
transmitidas ao homem por animais de estimação anualmente – desde infecções
cutâneas autolimitadas até doenças endêmicas que podem levar à morte.
“Acreditamos que provavelmente diversas infecções são transmitidas por
animais e ninguém simplesmente se dá conta disso”, disse Rabinowitz, diretor do
Projeto de Medicina Animal e Humana da Univesidade de Yale.
Nos últimos anos, a iniciativa “One Health” – que inclui a Associação Médica
Americana, a Associação Americana de Enfermagem e a Associação Americana de
Medicina Veterinária – vem pressionando o desenvolvimento de melhor comunicação
entre médicos e veterinários. Segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de
Doenças dos Estados Unidos, aproximadamente 60% das patogenias humanas são
zoonóticas. Durante uma conferência veterinária realizada recentemente em
Orlando, o presidente da Associação Médica Americana falou sobre a importância
de unificar as profissões da área de saúde.
“Não são somente os animais que transmitem doenças ao homem, aparentemente a
recíproca também pode ser verdadeira. A transmissão é uma rua de mão dupla”,
disse Rabinowitz, ao citar o caso de um gato sem raça definida, do estado
americano de Iowa, que contraiu o virus H1N1 de seu dono.
Fonte iG
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