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domingo, 21 de abril de 2013

Os pets e as doenças

Perigo: crianças e idosos devem evitar dormir na mesma
cama com seus pets
Animais domésticos podem transmitir doenças a seus donos, mesmo sendo bem cuidados. Confira dicas para evitar isso
 
Você deve pensar duas vezes antes de se aconchegar na cama com seu animalzinho de estimação. Um novo relatório publicado na edição de fevereiro da revista especializada Emerging Infectious Diseases informa que animais aparentemente saudáveis podem transportar parasitas, bactérias e virus causadores de doenças que podem levar à morte quando transmitidas ao homem.
 
Das 250 zoonoses – infecções transmitidas entre os animais e o homem – mais de 100 são derivadas de animais domésticos, diz o veterinário Bruno Chomel, professor de zoonose da Escola de Veterinária da Universidade da California e um dos autores do relatório.
 
Mesmo que a transmissão de doenças seja baixa em comparação ao número de pessoas que dormem com seus animais na cama – mais da metade de todos os americanos que têm um bicho de estimação – Chomel diz que ainda assim existem riscos.
 
“Dormir com o animal na cama não é uma boa idéia”, disse ele.
 
Um exemplo disso foi o que aconteceu com uma mulher de 69 anos que tinha passado por uma cirurgia do quadril e dormiu com seu cãozinho na mesma cama. O animal lambeu o local da incisão da cirurgia e a mulher teve uma meningite. Outro incidente envolveu um garoto de 9 anos de idade que foi infectado por peste, infecção bacteriana que pode causar a morte, ao dormir com seu gato infestado por pulgas.
 
Segundo dados do relatório, dormir com o cachorro ou o gato, ou ainda beijá-lo ou ganhar uma lambida do animal pode ocasionar ao homem diversas doenças transmissíveis, dentre elas a ancilostomíase (popularmente conhecida como amarelão), dermaftose, vermes dermatóides, linforreticulose e infecções estafilocócicas resistentes a medicamentos.
 
Devemos estar cientes que os animais podem transmitir doenças ao homem, mas os benefícios para a saúde de ter um animal de estimação superam os riscos – diz Peter Rabinowitz, da Escola de Medicina da Universidade de Yale e autor do livro didático “Human-Animal Medicine: Clinical Approaches to Zoonoses, Toxicants and Other Shared Health Risks”.
 
Pesquisas já demonstraram que além de oferecer apoio psicológico e amizade, os animais de estimação ajudam, dentre outras coisas, a baixar a pressão sanguínea, aumentar a atividade física, reduzir o estresse e melhorar o humor do dono.
 
Porém, o especialista adverte que pessoas com baixa imunidade correm mais riscos de serem infectados também por animais. Dentre elas estão os idosos, as crianças com menos de cinco anos de idade, os portadores de HIV e os pacientes de câncer.
 
Quem tem um animal de estimação pode preservar a saúde com bons hábitos de higiene, dentre eles lavando as mãos com água morna e sabonete depois de lidar com os pets – principalmente com filhotes ou animais com diarréia. Rabinowitz diz que estes “grupos de risco” têm maior probabilidade de abrigar uma infecção transmissível ao homem. E ele recomenda que, ao receber uma lambida de seu animalzinho, deve-se lavar imediatamente a região afetada.
 
Para evitar doenças, o relatório recomenda o controle de pulgas e carrapatos por meio de programas de prevenção e de consultas veterinárias regulares. Os autores do documento também aconselham os donos de animais a evitar beijar seus gatos e cachorros ou levá-los para a cama.
 
Como grande parte das zoonoses não é diagnosticada ou informada aos órgãos de saúde, Rabinowitz diz que o número de ocorrências anuais destas doenças é desconhecido. Entretanto, ele suspeita que milhões de infecções sejam transmitidas ao homem por animais de estimação anualmente – desde infecções cutâneas autolimitadas até doenças endêmicas que podem levar à morte.
 
“Acreditamos que provavelmente diversas infecções são transmitidas por animais e ninguém simplesmente se dá conta disso”, disse Rabinowitz, diretor do Projeto de Medicina Animal e Humana da Univesidade de Yale.
 
Nos últimos anos, a iniciativa “One Health” – que inclui a Associação Médica Americana, a Associação Americana de Enfermagem e a Associação Americana de Medicina Veterinária – vem pressionando o desenvolvimento de melhor comunicação entre médicos e veterinários. Segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, aproximadamente 60% das patogenias humanas são zoonóticas. Durante uma conferência veterinária realizada recentemente em Orlando, o presidente da Associação Médica Americana falou sobre a importância de unificar as profissões da área de saúde.
 
“Não são somente os animais que transmitem doenças ao homem, aparentemente a recíproca também pode ser verdadeira. A transmissão é uma rua de mão dupla”, disse Rabinowitz, ao citar o caso de um gato sem raça definida, do estado americano de Iowa, que contraiu o virus H1N1 de seu dono.

Fonte iG

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