Foto: Davi Valle/SES MT Pacientes obesos também enfrentam preconceito no atendimento médico |
Durante este verão no EUA, um paciente da capital, Washington, visitou seu ortopedista com queixa de dor no quadril e na virilha. Dor que não respondia aos medicamentos.
A dor estava impedindo a mulher, que tem um índice de massa corporal de acima de 50, de continuar com um programa de perda de peso.
Quando o paciente começou a descrever seus sintomas, o médico ortopedista a interrompeu dizendo que ele não poderia resolver o seu problema. Você precisa perder peso, ele disse a ela. Quando o paciente disse que ela já tinha tido sucesso no programa de perda de peso e continuava a trabalhar neste sentido, o médico não oferecer uma palavra de encorajamento. Ele respondeu: "Bem, você precisa perder mais peso."
Segundo a matéria divulgada na Associação Médica Americana, o ortopedista não avaliou o quadril ou fez um exame físico, tocando a paciente apenas quando apertou a mão dela na despedida. A conversa deixou a paciente em lágrimas na sala de exame.
"Tudo o que ele viu foi o meu peso", disse a mulher, ao especialista Scott Kahan, responsável pelo Centro Nacional de Peso e Bem-Estar, na capital americana.
"Eu ouço coisas como esta o tempo todo de meus pacientes. Os médicos devem ser capaz de ver para além do peso e considerar todos os fatores que podem contribuir para problemas de saúde de seus pacientes," afirma Kahan.
A luta dos pacientes obesos para perder peso é assolada por uma sociedade que destaca supermodelos magras e, ao mesmo tempo, incentiva uma vida sedentária com refeições rápidas baratas e de alto teor calórico. Mais de um terço dos adultos dos EUA são classificados como obesos, e pesquisas da Universidade Harvard mostram que esta taxa vai ultrapassar os 40% em 2050.
No consultório médico
Ao mesmo tempo um crescente número de pesquisas mostra que os pacientes obesos que procuram apoio e incentivo em consultórios médicos, tem que enfrentar verdadeiras batalhas contra o preconceito do profissional de saúde com relação ao seu peso.
Para alertar estes profissionais e os estudantes de medicina que não admitem este problema, pesquisadores desenvolveram uma ferramenta. O "Weight Implicit Association Test" (Teste de Associação Implícita com relação ao peso) pede aos participantes que comparem imagens de pessoas magras ou gordas com palavras negativas ou positivas. Quanto mais rápidas as ligações do tipo de pessoa com um atributo negativo, mais forte a atitude negativa inconsciente. O instrumento de pesquisa validado foi utilizado para medir preconceitos implícitos relacionados com a raça, idade, gênero, sexualidade e outras áreas.
A grande maioria das pessoas que realizaram o teste disponível na Web apresentam uma forte preferência por pessoas magras, associando as pessoas gordas com palavras negativas. Cerca de 2.3 mil médicos participantes apresentaram quase o mesmo resultado que a população em geral, segundo um estudo publicado em novembro de 2012 na revista PLoS One.
Um estudo realizado com 620 médicos norte-americanos descobriu que mais da metade viam os pacientes obesos como desajeitado, pouco atraente, feio e com dificuldades de adesão ao tratamento. Este levantamento foi publicado em outubro de 2003, no periódico Obesity Research.
As conclusões sobre a comunicação dos médicos com pacientes obesos também são desanimadoras. Pesquisa publicada em 20 de março na revista Obesity analisou as gravações de áudio de visitas ao consultório entre cerca de 39 médicos de cuidados primários e 208 pacientes. Os médicos eram 35% menos propensos a demonstrar relação emocional com os pacientes com sobrepeso e obesidade do que com seus pacientes de peso normal. Por exemplo, os médicos não mostravam expressões de empatia, preocupação, confiança, parceria ou envolviam-se em conversa social, como perguntar sobre o jogo de futebol, com estes pacientes.
Isaude.net
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