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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Solidão na velhice aumenta mais risco de morte do que obesidade

Getty Images
Não só na foto de Natal: convivência é fator importante para
a longevidade
Estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que isolamento a partir dos 50 anos aumenta em 14% o risco de morte
 
O plano de viver uma aposentadoria longa e tranquila, perto da praia e longe de tudo e todos parece estar caindo por terra. Pesquisador da Universidade de Chicago afirma que o sentimento de solidão aumento o risco de morte prematura em idosos em 14%, o dobro do risco causado pela obesidade.
 
A partir de dados do Sistema de Saúde dos Estados Unidos, com mais de duas mil pessoas com mais de 50 anos, os pesquisadores analisaram como a satisfação em um relacionamento auxilia idosos a desenvolver a resiliência, a manter a capacidade de contornar dificuldades e a lidar com preocupações ou momentos estressantes. O resultado mostrou que a solidão pode ter efeitos devastadores para a saúde.
 
John Cacioppo, professor de psicologia da universidade de Chicago e autor do estudo, afirma que a sensação de isolamento pode interromper o sono, elevar a pressão arterial, aumentar o hormônio do estresse e alterar o sistema imunológico.
 
"Aposentar-se e ir morar na Flórida para viver em um clima mais quente, porém entre estranhos, não é necessariamente uma boa ideia, se isso significa que você está se desconectado das pessoas que mais significam para você", disse o pesquisador americano.
 
Marcelo Levites, médico de família do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, afirma que o estudo de Cacioppo confirma que a longevidade tem um aspecto muito mais amplo do que o pensado há alguns anos. “Hoje, sabemos que questões biológicas influenciam apenas 25% na longevidade, os outros 75% estão relacionados com a alimentação, a atividade física, os hábitos saudáveis e também a qualidade das conexões que a pessoa tem na vida. ”
 
No Brasil, 3,7 dos 24,8 milhões de idosos vivem sozinhos, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio, do IBGE. Levines ressalta, no entanto, que o problema não está em morar ou não sozinho, mas na capacidade de ter e manter relações.
 
“As pessoas pensam que se isolar e deixar de conviver com o estresse da família pode ser uma boa ideia, mas elas se esquecem que essa é a base de sustentação da vida”, diz. É muito melhor amar e sofrer com alguém do lado.
 
iG

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