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Equipamento elétrico pode ser carregado durante a noite,
o que garante autonomia ao paciente
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Não tem muito como escapar: quem sofre de insuficiência cardíaca grave e precisa de transplante para sobreviver, aguarda cerca de um ano por um coração novo. Enquanto isso, é obrigado a ficar internado em UTI, recebendo medicações fortes e com uma máquina ao lado do leito, que faz as vezes do órgão com deficiência.
Mas um novo aparelho, ainda recente no Brasil, pode trazer um pouco mais de qualidade de vida nesse tempo de espera: é o "coração de bolso", um coração artificial que cabe em uma pochete. Mas, por enquanto, só está disponível a quem literalmente tem um "bolso" para bancar. O aparelho, que custa até R$ 300 mil, ainda não está disponível nem no SUS nem no rol de procedimentos obrigatórios dos planos de saúde. Para tê-lo, só pagando tudo particular.
O Suporte Avançado de Assistência ao Ventrículo Esquerdo (LVAD, na sigla em inglês), como o aparelho é chamado, permite todas as funcionalidades daquele que atava o paciente à UTI, com a diferença de que pode ser levado a todo lugar.
“Já havia um coração portátil, que permitia que o paciente saísse da UTI, mas era ainda muito grande. Era preciso transportar as baterias em um carrinho, tipo esses de carregar malas em aeroporto”, explica Ricardo Pavanello, supervisor de cardiologia do Hospital do Coração (HCor).
Para implantar o coração portátil, o paciente passa por uma cirurgia. “É bem menos invasiva do que uma cirurgia clássica”, diz Pavanello. Com o aparelho implantado no coração, dois tubos saem para o lado externo do corpo, onde o coração é oxigenado.
Diferente do marcapasso, que só estimula o coração eletricamente para regular o ritmo, o dispositivo portátil tem força para contrair e relaxar o órgão, impulsionado pela bateria, carregada no cinto do paciente ou em uma pequena pochete. O dispositivo, que é elétrico, pode ser carregado durante a noite, enquanto a pessoa dorme. Durante o dia, vida normal.
Cenário
A insuficiência cardíaca, segundo Pavanello, é a primeira causa de internação no Brasil, embora não seja a primeira de morte. “É a que mais ocupa leitos hospitalares no País”, explica. E a condição, que afeta principalmente o ventrículo esquerdo e deixa o coração fraco para bombear e sangue, se dá por várias razões: doenças nas artérias coronárias, no músculo do coração, processos inflamatórios e infecciosos, doenças das válvulas cardíacas (aórtica e mitral).
Um exemplo popular é o personagem de Reinaldo Gianecchini na novela Em Família, que sofre de uma doença que provoca a insuficiência cardíaca.
Quando o grau da insuficiência é mais leve, não se usa o coração portátil. Opta-se por pontes nas artérias coronárias, troca de válvulas do coração e correções dos músculos cardíacos. Quando todas as tentativas falham e é hora de pegar a fila para ganhar um coração novo, é que o "coração de bolso" entra em cena.
Uma opção que precisa levar em conta o risco de infecção. Os dois tubos que entram no tórax do paciente (para que o aparelho possa bombear o sangue do coração) precisam de extrema higiene e cuidado. A negligência escancara as portas para bactérias se instalarem.
iG
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