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segunda-feira, 23 de junho de 2014

Cientistas dizem que planejar uma viagem é mais prazeroso que viajar

Cientistas dizem que planejar uma viagem é mais prazeroso que viajar Tom Bloom/NYTNS
Foto: Tom Bloom / NYTNS
Mesmo que suas férias sejam péssimas, nada pode acabar com o prazer que você sentiu ao fazer planos para ela
 
Queria estar de férias agora? Não queira. Tirar férias não vai fazê-lo necessariamente mais feliz, a expectativa, sim.
 
A primeira vez que explorei essa ideia foi durante a pesquisa para um artigo sobre felicidade, em 2010, mesmo ano em que foi publicado um estudo sobre a relação entre expectativa e felicidade em um jornal on-line chamado Applied Research in Quality of Life. Os autores, holandeses, entrevistaram mais de 1,5 mil pessoas, incluindo 974 em férias, e descobriram que a maioria se sentia mais feliz antes da viagem.
 
Como toda pessoa que já saiu de férias sabe, podem surgir todos os tipos de complicações: atraso de voo, doença, briga em família. Sem contar que, na volta, há um acúmulo enorme de trabalho, tanto em casa quanto no escritório. Não estou sugerindo que elas não nos façam felizes, mas os cientistas sociais dizem há anos que a felicidade é ainda maior se a pessoa adiar, conscientemente, qualquer tipo de prazer, seja fazendo a reserva naquele voo para Bali com meses de antecedência ou deixando para comer a tal fatia de bolo de chocolate amanhã e não hoje. Isso nos permite criar expectativas positivas e saborear a experiência agradável que temos pela frente.
 
Mas o que eu realmente queria saber era se o prazer resultante da expectativa é algo que acontece como um passe de mágica, depois que você faz a reserva de viagem, por exemplo, ou se pode ser reforçada com preparativos como a seleção de uma playlist no iTunes ou o aprendizado do idioma local.
 
E descobri que há toda uma arte na expectativa. Segundo Elizabeth Dunn, professora de Psicologia da Universidade da Columbia Britânica e líder na pesquisa sobre felicidade, saborear a espera é um processo ativo, e não passivo:
 
— O ideal é mergulhar de cabeça. Ler romances e poesia, ver filmes e xeretar blogs do ou sobre o lugar que se planeja visitar encoraja a pessoa não só a aprender mais sobre o destino, mas a sonhar, fornecendo detalhes concretos aos quais a mente pode se apegar.
 
E essa criação de expectativas positivas ajuda a nossa mente a lidar com pequenas discrepâncias caso a realidade não esteja à altura da fantasia.
 
— A tendência é ficarmos menos incomodados com alguns pequenos furos se criarmos expectativas com antecedência. O negócio então é apostar que vai ser maravilhoso — afirma a pesquisadora.
 
Na viagem que Elizabeth fez para Oahu, no Havaí, ela passou um tempão planejando a aventura maravilhosa, o que acabou sendo bom porque, quando finalmente ela pôs os pés na ilha, foi atacada por um tubarão de três metros. Ele a mordeu na perna, deixando cicatrizes irreversíveis. Foram as piores férias de sua vida, para dizer o mínimo. Mas, mesmo assim, ela observa:
 
— Pelo menos enquanto eu estava fazendo planos foi ótimo. A lição é que, mesmo que suas férias sejam péssimas, nada pode acabar com o prazer que você sentiu ao fazer planos para ela.
 
Quebre a rotina para se satisfazer mais
Outra vantagem em mergulhar nos livros e fotos do destino antecipadamente é que a pesquisa representa uma novidade que quebra a rotina. Não só criamos expectativas em relação à viagem como aprendemos coisas novas. Humanos se adaptam rapidamente às circunstâncias, o que significa que também nos entediamos com a mesma facilidade. Contra-atacar essa adaptação aumenta a satisfação, pelo menos segundo acadêmicos como Sonja Lyubomirsky, professora de Psicologia da Universidade da Califórnia em Riverside.
 
Antes de minha mais recente viagem a Paris, assisti a filmes clássicos e vários vídeos, como o tutorial esplêndido da Cosmopolitan France, que ensina 25 maneiras de usar uma echarpe. Reli livros sobre a história francesa, filosofia, ficção e poesia, além de conferir novidades em moda, gastronomia e tecnologia em blogs como Paris by Mouth e Rude Baguette.
 
Perguntei a amigos que moraram ou sempre visitam Paris quais os lugares de que mais gostam e, como previsto, foi ótimo conversar sobre meus planos.
 
— As pessoas gostam mais umas das outras quando falam sobre experiências e não sobre coisas materiais — afirma a professora Elizabeth.
 
E o que dizer do prazer de relembrar o passado? Isso também não gera satisfação e felicidade? Os pesquisadores dizem que sim, mas antecipar o futuro é muito mais eficaz nesse sentido. É o que prova o estudo feito por Leaf Van Boven, da Universidade do Colorado, e Laurence Ashworth, da Queen's University, publicado no Journal of Experimental Psychology, em 2007, que confirmou que estudantes se sentiram mais felizes fazendo planos para as férias do que relembrando o que passou.
 
É claro que gosto de me lembrar do tempo que passei em Paris. Mas, quer saber se a minha imersão preparatória através de livros, filmes, conversas me deu ainda mais prazer do que as recordações? Oui.
 
E o passado, como fica?
Relembrar o passado também traz satisfação? Os pesquisadores dizem que sim, mas fazer planos e antecipar o futuro seriam muito mais eficazes para gerar felicidade.
 
Zero Hora

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