Foto: Sunday Alamba / AP - Passageiro é escaneado por funcionário de saúde em aeroporto na Nigéria |
BRASÍLIA - O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse nesta
sexta-feira que o governo brasileiro vai doar R$ 1 milhão à Organização
Mundial de Saúde (OMS) para combater o avanço da epidemia de ebola no
Oeste da África. Além disso, o país enviará 15 toneladas de medicamentos
e material médico, como jalecos e luvas, aos três países mais afetados:
Serra Leoa, Guiné e Libéria. Quatro kits com 3,5 toneladas já foram
enviados para Guiné.
Na madrugada desta sexta (horário de
Brasília), a OMS declarou estado de emergência global, apelando aos
governos do mundo para reunir esforços com objetivo de conter o surto,
que já matou 961 pessoas em quatro países na África. Segundo a entidade,
cada país deve monitorar suas fronteiras e aeroportos para evitar a
entrada de pessoas infectadas. Chioro garantiu que o governo brasileiro
está preparado para cumprir as recomendações da Organização Mundial da
Saúde (OMS) em relação ao vírus ebola e informou que não há nenhum caso
da doença no país.
— Neste momento, não há risco de transmissão no Brasil e o risco de
alguém (infectado) vir de fora é pouco provável — afirmou o ministro
Chioro
detalhou os procedimentos definidos pelo ministério para detectar e
tratar qualquer paciente contaminado. O sistema de vigilância estará
focado nos aeroportos internacionais e nos portos. Pacientes cuja
contaminação for detectada já durante o voo serão levados diretamente ao
hospital de referência do estado. O transporte será feito por equipes
do Samu. O mesmo procedimento será adotado se um paciente chegar ao
Brasil ainda no período de incubação da doença, que pode durar 21 dias.
Segundo
o ministro, o vírus não é transmissível durante o período de incubação,
quando o paciente ainda não demonstra sintoma. Ele enfatizou também que
a transmissão não se dá pelo ar, mas apenas no caso de contato com
fluidos corporais de pessoas infectadas.
Chioro disse que 170
equipamentos para profissionais de saúde lidarem com eventuais
infectados já foram distribuídos na preparação para as 12 cidades sede e
para cinco subsedes da Copa do Mundo. No caso de um paciente infectado
ser detectado no Brasil, o Ministério da Saúde enviará uma equipe médica
para fazer a remoção para o hospital de referência. Ele deixou claro
que serão considerados suspeitos de infecção as pessoas procedentes nos
últimos 21 dias de Serra Leoa, Libéria e Guiné que tiverem apresentado
febre súbita ou hemorragia. Nesse caso, a pessoa será atendida por uma
equipe da Anvisa no aeroporto para melhor diagnóstico.
Como
medida de preparação para o risco, o Ministério da Saúde elevou do nível
zero para o nível dois a ativação do chamado Centro de Operações de
Emergência em Saúde, que fica no ministério, em Brasília. Essa ativação
de nível dois, que a penúltima mais elevada, significa que uma equipe do
ministério atuará caso se confirme a chegada de qualquer pessoa
infectada pelo ebola.
A partir de amanhã será divulgada nos
aeroportos internacionais uma mensagem orientando passageiros
procedentes do exterior que apresentem sintomas de febre hemorrágica a
procurar o serviço de saúde. O ministério orienta o serviços de saúde de
todo país a notificarem qualquer caso suspeito pelo telefone
0800-64446645 ou pelo e-mail: notifica@saude.gov.br
O
secretário de vigilância em saúde, Jarbas Barbosa, disse que o governo
brasileiro buscará no exterior qualquer cidadão brasileiro que esteja
infectado pela doença. Os contatos já foram feitos com a Força Aérea
Brasileira e com o Itamaraty.
O atual surto de ebola no Oeste da
África tem letalidade de 68%. Em sua página na internet, o Ministério da
Saúde informava nesta manhã que 1.711 pessoas já foram infectadas, das
quais 932 morreram.
Chioro e Jarbas enfatizaram que não há
qualquer recomendação da OMS no sentido de restringir viagens ou
comércio aos países afetados. Eles lembraram que as infecções têm
ocorrido em áreas rurais e que não há notícia de viajantes
internacionais ter sido infectado durante passagem por esses países. Os
casos conhecidos, como o de um médico americano, são de pessoas que
estavam atuando em contato direto com pacientes.
O exame para
confirmar eventuais casos suspeitos no Brasil será feito no Instituto
Evandro Chagas, no Pará. No Brasil, 60 profissionais estão credenciados
pela OMS para armazenar material infectado que será transportado em
segurança, dentro de aeronaves. Nesse caso, a amostra do material seriam
enviadas também aos Estados Unidos.
O período de incubação da
doença varia de um a 21 dias. Pessoas que tenham mantido contado com
infectados, mas não apresentem sintomas da doença, não precisam ficar de
quarentena. A orientação do ministério é que monitorem a temperatura do
corpo, já que a febre súbita é um dos sintomas da doença. Jarbas contou
que um médico brasileiro ligado à organização não governamental Médicos
sem Fronteiras chegou de Serra Leoa há duas semanas e entrou em contato
com o ministério, no Rio. A orientação foi que ele monitorasse se tinha
febre. O médico não apresentou nenhum sintoma.
O Globo
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