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domingo, 31 de agosto de 2014

Especialistas: contato precoce com a bebida favorece o vício na fase adulta

O estudo alerta para as consequências negativas de criar o hábito em crianças

Alguns acham engraçado, outros o fazem por hábito cultural. Ainda há os que pensam que, assim, vão desestimular os filhos a beber no futuro. 

O fato é que não é raro os adultos oferecerem um pouco de álcool às crianças, seja molhando a chupeta na cerveja, seja deixando que tomem um golinho. 

Embora não exista consenso se a prática poderá, mais tarde, influenciar um comportamento de abuso ou adição, especialistas alertam que, por trás da brincadeira, está a permissividade familiar em relação à bebida alcoólica. E isso, sim, pode ter consequências negativas.

Na edição do próximo mês da revista Alcoholism: Clinical Experimental Research, será publicado um artigo de pesquisadores americanos no qual se procurou investigar como crianças com menos de 12 anos têm esse primeiro contato com a bebida. 

Os especialistas do Centro Médico da Universidade de Pittsburgh e do Centro de Pesquisa em Adição da Universidade de Michigan não estavam interessados em analisar o comportamento de adolescentes que bebem regularmente ou consomem drinques eventuais. Na verdade, queriam entender o que se passa antes disso, uma fase que chamam de iniciação na prova do álcool,

“O primeiro drinque regular não é, geralmente, a primeira experiência que muitas crianças têm com a bebida”, observa o psiquiatra Robert A. Zucker. Segundo o pesquisador de Michigan, embora pesquisas indiquem que apenas 7% de adolescentes com 12 anos já tenham tomado o primeiro drinque, mais da metade deles experimentou alguma vez antes, por volta dos 8 anos. 

“E, apesar disso, historicamente, essa ‘provinha’ de álcool na infância tem recebido muito pouca atenção de nós, pesquisadores”, reconhece o médico, acrescentando que, para o estudo, beber tem o significado de consumir uma dose inteira e provar quer dizer tomar um ou poucos goles.

Os especialistas utilizaram dados de um estudo longitudinal sobre fatores de risco para ingestão precoce de álcool, o Projeto Adolescente. No início da década de 2000, uma amostra de 452 crianças — 238 meninas e 214 meninos — de 8 a 10 anos e suas famílias foi escolhida aleatoriamente e contatada pelos pesquisadores. 

Os pequenos, então, passaram por uma entrevista com ajuda de computador, assim como os pais deles. Os questionários foram refeitos três vezes ao longo de 18 meses. Sete anos e meio depois, os participantes voltaram a ser procurados pelos investigadores.

Correio Braziliense

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