Estudo feito em 750 mulheres entre 18 e 40 anos descobriu que taxa de gêmeos após esse tratamento é também é menor
Pesquisadores da Universidade da Flórida, nos Estados
Unidos, descobriram que o letrozole, remédio usado para evitar a
reincidência do câncer de mama, é 30% mais eficaz para estimular a
ovulação em comparação ao clomifeno, medicamento atualmente usado para
esse fim.
A pesquisa, feita em 750 mulheres entre 18 e 40 anos,
analisou o resultado do uso do letrozole e clomifeno ao longo de até
cinco ciclos menstruais e provou que a taxa de gravidezes aumentou no
uso do medicamento novo em relação ao antigo.
A droga é
principalmente indicada para quem sogre da síndrome do ovário
policístico (SOP) – um conjunto de sintomas que vão desde a androgenia
(características masculinas, como pelos mais grossos), até a acne e
menstruação irregular. Mesmo com a síndrome, algumas mulheres conseguem
engravidar naturalmente, enquanto outras conseguem conceber somente
quando mudam hábitos de vida, como perder peso, controlar o estresse e
se alimentar corretamente.
No entanto, para um grupo de mulheres,
essas medidas não funcionam, o que leva o ginecologista a receitar um
medicamento para estimular a ovulação. São nesses casos que o letrozole
se mostrou mais eficiente do comumente usado clomifeno.
A
ginecologista especialista em reprodução humana do Vida, Centro de
Fertilidade da Rede D’Or, Alessandra Evangelista, explica que o
letrozole não é um medicamento novo: está no Brasil há algum tempo para
evitar reincidência do câncer de mama. No entanto, a prescrição do novo
uso poderá encontrar barreiras no preço: as doses do clomifeno giram em
torno de R$ 30 a 50, enquanto o letrozole custa em média de R$ 200 a
400.
Ter um medicamento mais eficaz no mercado não invalida o uso
do antigo, que, na grande maioria das vezes, é suficiente para fazer uma
mulher engravidar. Acima de tudo, alerta a médica, é preciso investigar
a causa da infertilidade.
Thinkstock: Portadoras da Síndrome do Ovário Policístico podem se beneficiar
com uso do medicamento
|
A idade é um dos fatores que limitam a
escolha de tratamentos. Alessandra explica que, em uma mulher com 25
anos, por exemplo, há tempo para que ela possa mudar hábitos de vida,
perder peso e desestressar-se. Já se ela tem 35 anos, o tratamento deve
ser mais rápido, uma vez que a taxa de fertilidade cai drasticamente
após essa idade. A mulher deve tentar mudar os hábitos rapidamente e, se
não conseguir engravidar, parte-se para o tratamento.
Menos gêmeos
Um
dos trunfos do letrozole é a menor taxa de nascimento de gêmeos. O
estudo mostra que aproximadamente 10% das mulheres que foram estimuladas
com clomifeno tiveram gêmeos. Para o letrozole, a taxa caiu para 3%.
Segundo os médicos envolvidos com o estudo, conceber apenas um bebê a
cada gravidez torna a gestação mais segura.
Disponível no Brasil, o
uso do letrozole para estimular ovulação é o que se chama de “off
label” – quando um medicamento para um determinado fim é usado para
outro propósito. No entanto, como testes de segurança foram feitos para
libera-lo para uso nos casos de câncer de mama, a aprovação de um órgão
regulador de medicamentos para uma nova função do remédio pode vir mais
rapidamente.
iG
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