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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Ninguém fica tonto à toa: labirintite atinge 33% da população brasileira

Tontura rotatória é o sintoma mais comum de um labirinto irritado, mas não é o único
Labirintite sempre tem uma causa, que é investigada e tratada por um otorrinolaringologista; estilo de vida pode influenciar na doença 

Com menos de um centímetro, um sensível pedacinho em forma de três argolas dentro do ouvido humano deixa 33% da população brasileira “sem chão” com frequência. Com a mesma função de um prumo, o labirinto é o responsável pelo equilíbrio corporal. Qualquer alteração nesse pequeno órgão causa vertigem e náuseas: a conhecida labirintite.

Apesar do sufixo “ite” lembrar inflamações, nem sempre quando as pessoas se queixam de tonturas e estômago embrulhado há esse problema. “Teria de ser uma infecção por vírus ou bactérias para ser labirintite”, explica o otorrinolaringologista do Hospital Samaritano, Luís Augusto Lima e Silva. Todo o resto deveria ser (mas não é) chamado de labirintopatia, que são problemas gerais no labirinto.

Nomenclaturas à parte, o otorrinolaringologista do Hospital Cema, Cícero Matsuyama, explica que quando há alguma alteração no labirinto, o corpo entende que a pessoa está em alto mar, por isso a sensação de que não há chão embaixo dos pés.

“Ninguém fica tonto à toa”
Matsuyama alerta que é preciso investigar a causa, pois a tendência é aumentar a intensidade dos sintomas, se não tratado.

Entre eles, o mais clássico é a tontura rotatória, que piora quando a pessoa está deitada ou de olhos fechados. A otorrinolaringologista do Hospital Beneficência Portuguesa, Lucinda Simoceli explica que, além desse sintoma comum, pode haver zumbido, estômago embrulhado, perda auditiva que vai e vem, sensação de pressão nos ouvidos, suor excessivo e dificuldade para ler, principalmente se for a tela do computador.

As crises de labirintite, no entanto, não têm somente uma causa específica. “Muitos reclamam da quantidade de exames que pedimos, mas é que precisamos diagnosticar corretamente”, argumenta Matsuyama. Com um ou mais sinais, o desconforto já está instalado. E não se pode negligenciar. Afinal, a causa da labirintite pode ser desde pressão alta até alterações no colesterol.

Alterações de glicemia também deixam a pessoa mais zonza. Além disso, problemas na coluna cervical, como bico de papagaio, também irritam o labirinto, que responde com falta de equilíbrio.

Traumas, como qualquer pancada que acometa o ouvido interno, podem daniificar o labirinto. “Aquela chacoalhada que acontece em uma batida de carro, por exemplo, se os viajantes não tiverem protetor de cabeça no banco, pode machucar o labirinto”, explica o médico do Hospital Samaritano.

Estilo de vida impacta
Como de costuma, um estilo de vida mais regrado, com alimentação saudável, horas suficientes de sono, exercício físico (fora das crises), melhora – e muito – a recorrência dos sintomas da labirintite. Isso porque bons hábitos podem melhorar a hipertensão, controlar colesterol e glicemia, bem como abandonar o cigarro e excesso de café pode ajudar a manter-se equilibrado.

O tratamento, no entanto, costuma ser simples. Mudanças no estilo de vida costumam ser bem úteis, mas muitas vezes os médicos lançam mão de medicamentos para controlar a crise. A cirurgia é rara, aplicada somente em casos de tumores cerebrais que atingem o labirinto.

iG

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