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sábado, 24 de janeiro de 2015

Com menos descobertas, laboratórios miram eficiência

Uma série de quebras de patentes no horizonte, que fará a indústria perder 267 bilhões de dólares até 2017, impulsiona o desenvolvimento de serviços
 
Tempos difíceis aproximam-se para a indústria farmacêutica. Nos próximos cinco anos, a validade de uma série de patentes vai expirar, o que fará com que as empresas percam nada menos que 267 bilhões de dólares em vendas até 2017. A busca por descobertas que gerem novas patentes continua.
 
Contudo, inventar algo hoje é uma tarefa mais difícil que no passado, pois a própria medicina avança sobre campos cujo conhecimento científico também está em construção, como o estudo da nanotecnologia, células-tronco, etc. As novas tecnologias em estudo no setor são caras e provavelmente de difícil acesso às massas nos primeiros anos de existência. E não para por aí.
 
Especialistas estimam que, em 2016, novas terapias que utilizam bioengenharia e produtos biológicos serão responsáveis por 23% do mercado. Muitas dessas “drogas do futuro” exigirão um sistema de distribuição mais complexo e, possivelmente, mais custoso que o convencional (veja quadro). A saída, apontam os especialistas, é investir em melhoria da eficiência e dedicar-se ainda a oferecer seviços que facilitem o acesso e o uso dos produtos.
 
O alerta para as mudanças foi feito por um estudo realizado pela consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) chamado “Pharma 2020: Supplying the future”, que traz previsões sobre como estará o mercado no referido ano, com foco especial na logística. “Muitas empresas investiram em tentar descobrir, desenvolver e comercializar medicamentos mais eficientes e injetaram poucos recursos na reconfiguração dos processos de fabricação e distribuição. Contudo, a cadeia de distribuição é tão importante quanto o resto. É o elo entre o laboratório e o mercado”, aponta o estudo.
 
“O processo de inovação está cada vez mais difícil e mais caro. A indústria está gastando mais e inventando menos”, disse Jorge Raimundo, presidente do conselho consultivo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). Só no ano passado foram gastos 60 bilhões de dólares em pesquisa, sendo um terço em novos projetos e o restante em pesquisas clínicas. De acordo com especialistas, há dez anos, os investimentos eram até 50% menores, mas com mais resultados práticos.

Tendências
Os avanços, porém, se considerar o que há de disponível para cada geração, são inegáveis – ainda que não se deem no mesmo ritmo de antigamente. De cirurgias sem anestesia realizadas no século passado, avançamos ao longo das décadas para a massificação do uso dos comprimidos, a descoberta da pílula, tratamentos para o câncer, e atualmente pensamos em como as células-tronco podem curar doenças.
 
Do lado das farmacêuticas, há muito trabalho a ser feito. Elas terão, cada vez mais, de multiplicar a gama de serviços oferecidos e serem capazes de oferecer produtos a diversas classes sociais. Ao mesmo tempo em que haverá remédios caríssimos e exclusivos, fruto da tecnologia de ponta, existirão também, sem que um exclua o outro, produtos mais populares. Neste campo dominam os chamados ‘genéricos’, que, devido à produção em larga escala, exigem medidas de corte de custo e aumento na eficiência da fabricação.
 
Uma das pioneiras neste amplo escopo de atuação é o laboratório francês Sanofi Aventis, cujas vendas em 2010 alcançaram 30,3 bilhões de euros. Além de deter medicamentos populares e que não necessitam de prescrição, como AAS, Dorflex e Colírio Moura Brasil, o grupo produz drogas que necessitam de prescrição médica; além de atuar em genéricos, com a marca Medley; vacinas, com o Sanofi Pasteur; e ainda no ramo animal, com os medicamentos Merial.
 
A necessidade de atuar em várias frentes surge do fato de que as demandas das farmacêuticas são crescentes. O setor é um dos poucos que se beneficia diretamente do fenômeno do envelhecimento da população global. Analistas de mercado creem que, no futuro, as empresas do ramo terão de investir mais em serviços. Os sistemas de entrega, por exemplo, terão de ser cada vez mais ágeis, com mecanismos para que o paciente receba a droga que precisa em casa, no menor tempo possível. Pacientes terão maior autonomia em seus tratamentos e é possível que, dependendo da doença, possam evitar a ida ao médico.
 
Devido à insuficiência do número de hospitais, consultas pela internet e acesso a medicamentos poderão se tornar ferramentas práticas. Para a indústria, informações sobre os pacientes e os medicamentos que ingerem se tornarão cada vez mais importantes. “As drogas do futuro serão mais eficientes. A cadeia, porém, exigirá mais integração entre indústria farmacêutica, de equipamentos, hospitais, planos de saúde e pacientes”, explicou Eliane Kihara, especialista da consultoria PwC. Há um longo caminho a ser percorrido até atingirmos este grau de eficiência.
 
Os remédios do futuro
 
Conheça os novos tipos de medicamento que revolucionarão a indústria farmacêutica nos próximos anos:
 
Pílulas substituem a injeção
Nos próximos anos, a tendência é que o paciente possua cada vez mais autonomia em seu tratamento. As pílulas e comprimidos, tais como conhecemos, continuarão no mercado, mas ganharão novas funções. Empresas como a indiana Biocon e a dinamarquesa Novo Nordisk testam, separadamente, uma pílula capaz de prover insulina, usada no tratamento de diabetes. O objetivo é substituir a injeção. O grande desafio é evitar que a molécula do hormônio seja quebrada durante a digestão, anulando seu efeito. Por isso, as empresas desenvolvem uma nova categoria de cápsula que resiste ao ataque dos ácidos do corpo humano e, somente numa fase posterior da digestão, libera a insulina, já de forma segura.
 
Feito sob medida
A tecnologia de microprocessamento – em que ‘microcontainers’ carregam nanopartículas, que são elementos, no mínimo, oitenta vezes menores que a largura de um fio de cabelo – trará grandes avanços à personalização dos medicamentos. Especialistas apontam que no futuro, os farmacêuticos serão capazes de dosar e misturar os medicamentos conforme as necessidades de cada paciente. Dentro de uma só ‘superpílula’ poderá haver diversos ‘microcontainers’, que liberarão os princípios ativos em tempos diferentes. A holandesa Fagron já começou a pesquisar esta tendência.
 
Informação será tudo
Ainda não convivemos com androides, mas já existem estudos que trazem princípios da eletrônica ao corpo humano. Há, por exemplo, projetos de chips digestíveis que podem ser acoplados a comprimidos tradicionais. O objetivo é transmitir a computadores, smartphones ou outro equipamento informações da data e hora exatas em que o remédio foi absorvido pelo corpo. Os dados, conduzidos por rede sem fio, podem também ser enviados ao médico. A americana Proteus Biomedical tem o projeto das de fabricar o produto.
 
Transgênicos e biotecnologia entram no jogo
A engenharia transgênica é outra aposta para o futuro. Injetar genes em plantas ou animais para que produzam determinada proteína a ser usada em seres humanos será cada vez mais normal. A empresa GTC Biotherapeutics é uma das que está na vanguarda desta técnica e quer provar que ela pode ser comercialmente viável. A companhia já produz um remédio que atua em problemas de coagulação feito a partir de leite de cabra geneticamente modificada.  Achou demais? As farmacêuticas preveem também um futuro com tratamento de células-tronco humanas para doenças como Alzheimer e Parkinson, também conhecido como medicina regenerativa.
 
Nem tudo será luxo
Corte de custos e produção em massa continuam a ser elementos importantes para a indústria farmacêutica, em especial para aquelas que focam o suprimento de países em desenvolvimento. A Freeplay Energy, por exemplo, produziu um medidor de batimento cardíaco que funciona a partir de uma manivela que gera energia para o aparato. Cada um minuto girando a manivela corresponde a dez minutos de utilização do produto. A ideia é prevenir doenças em locais de baixa renda que não tem energia elétrica.
 
Veja

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