Vacina não causa gripe e protege até mesmo o coração; quanto mais frágil a saúde, maior a importância da imunização
Diferente de um resfriado, gripe é uma doença séria. Todos deveriam, anualmente, tomar vacina contra a influenza para evitar que o vírus entre no corpo e faça estragos. Menores de cinco anos, grávidas e maiores de 60, no entanto, estão mais susceptíveis às consequências negativas da doença, que pode levar à pneumonia e até mesmo à morte. Quanto mais frágil o indivíduo, maior a importância de se vacinar.
É partir dessa constatação que o Ministério da Saúde oferece, a partir desta segunda-feira (04), vacinação gratuita para esse grupo de risco. A campanha de 2015 sofreu atraso por causa da mudança de duas cepas do vírus, que não estavam circulando ano passado.
Alguns mitos, no entanto, fazem com que muitos fujam da vacinação, mas existem boas razões para se vacinar contra a gripe. Saiba quais são elas:
1 - Gripe pode ser grave e levar à morte
O médico sanitarista e responsável pelo setor de vacinas do Laboratório Delboni Medicina Diagnóstica, Ricardo Cunha, explica que a gripe, em muitos casos, pode ser grave. Ela não é apenas um resfriado convencional e traz consequências sérias ao grupo de risco, que são os menores de cinco anos e maiores de 60, além das mulheres grávidas.
“Além disso, pessoas que têm diminuição da imunidade, como quem tem AIDS, quem retirou o baço (ele ajuda na defesa do corpo), quem tem diabetes e usa insulina, além de quem tem problemas de pulmão devem se vacinar”, alerta. A vacinação impede que o vírus atue no corpo e leve a consequências mais graves, como a pneumonia.
2 - O vírus sofre mutação constante e a vacina fica obsoleta
Se você se vacinou ano passado, é preciso repetir a dose em 2015, já que o vírus da gripe tem um poder de mutação bastante elevado. Ou seja, o vírus que estava circulando ano passado é diferente do desse ano, e a vacina antiga não tem mais eficácia. A imunização de 2015 no Sistema Único de Saúde atrasou por causa da mudança de duas cepas do vírus, que não estavam circulando ano passado, explica a pediatra Lucia Bricks. Portanto, quem tomou vacina ano passado não está protegido contra essas mutações.
3 - Gripe pode causar pneumonia viral e bacteriana
O vírus da influenza pode causar a pneumonite viral, explica o pneumologista Francisco Mazon, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Além disso, o médico conta que uma infecção por esse vírus pode deixar o pulmão susceptível a infecções bacterianas, causando uma perigosa pneumonia bacteriana.
“São as consequências mais sérias da gripe. Ambas as pneumonias são graves”, conta. Pessoas com imunidade mais baixa são as que sofrem mais, por isso a vacinação fornecida pelo Ministério da Saúde visa o público que é alvo mais fácil do vírus.
Ele conta também que, quando os dois pulmões são acometidos pelas bactérias ou vírus, a doença se chama SARA, ou Síndrome da Angústia Respiratória Aguda, que é a manifestação mais grave da gripe.
Segundo o geriatra do Hospital das Clínicas, Paulo Camiz, alguns dos tipos do vírus da gripe causam problemas respiratórios maiores. “E aí o idoso, que é mais vulnerável, tende a sofrer mais”, alerta.
4 - Vacina não causa gripe ou sintomas
Dizer que ao tomar a vacina há risco de contrair a gripe é um dos maiores mitos em torno da imunização. “A vacina é feita com vírus mortos e fracionados. É impossível uma pessoa tomar a vacina e ter gripe por causa dela”, diz Cunha. Ele explica, porém, que a imunidade total não é garantida – a grande maioria das vacinas não consegue oferecer eficácia acima de 90% - mas que, se a pessoa vier a contrair o vírus da gripe posteriormente em ambiente público, os sintomas serão muito menores e a vacina evitará complicações, como a pneumonia.
Esses casos, no entanto, são raros.
Ele lembra também que a vacina é contra o vírus da influenza, mas que outros vírus que causam resfriado ainda estão soltos e circulando por aí. “Há o adenovírus, coronavírus, rinovírus, parainfluenza, entre outros, que podem causar sintomas menos graves que a gripe”.
5 - Protege mulheres grávidas, que deram à luz recentemente e bebês
A mulher grávida tem a imunidade diminuída durante os nove meses gestacionais, por isso a importância da vacinação. Depois que ela deu à luz, no entanto, a vacinação na mãe protege indiretamente o bebê, já que não é permitido vacinar crianças menores de seis meses. Como a mãe é a pessoa que tem mais contato com o bebê, protegê-la da gripe impede que o bebê também a contraia.
Segundo o diretor do departamento de pediatria da Santa Casa de São Paulo, Marco Aurélio Sáfadi, vacinar a grávida – sempre com recomendação médica – é importante por causa dos anticorpos que são passados da mãe para o bebê no último trimestre da gestação. Ele conta que essa proteção acaba durando por alguns meses depois do nascimento do bebê.
6 - Quando você contrai a gripe, continua espalhando o vírus até o término dos sintomas
Passar alguma doença infecciosa para colegas não é nada legal. Quando uma boa parte das pessoas está imunizada, acontece o que se chama de imunização de rebanho. Se uma pessoa pegar gripe, não conseguirá transmitir para os outros porque eles estão imunizados. Vacinar-se é uma forma de evitar o contágio e não ser responsável pela transmissão.
7 - O vírus da gripe pode infectar o coração
É o que se chama de miocardite viral. Em alguns casos, o vírus da gripe pode atacar o músculo cardíaco, causando uma inflamação. A consequência é um coração dilatado, com arritmias e dependendo de medicamentos que o ajudem trabalhar corretamente, explica o cardiologista do Hospital Beneficência Portuguesa, Fernando Alves.
iG
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