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sexta-feira, 8 de maio de 2015

Agência propõe aviso para alérgicos em rótulos de alimentos e bebidas

rótuloAos cinco anos, é Mateus quem toma a iniciativa. Antes de sair de casa, pede para a mãe não esquecer o kit de remédios. No supermercado, faz coro quando vê a dificuldade da família para selecionar os alimentos
 
“Ele mesmo fala: tem que botar no rótulo”, conta a mãe, Mariana Claudino, 41, sobre a dificuldade em encontrar informações claras sobre os ingredientes dos produtos o filho é alérgico a três tipos de proteína do leite.
 
“É uma loteria. Devido a um biscoito mal rotulado, ele já entrou em choque anafilático”, afirma Mariana.
 
Em breve, rótulos de alimentos e bebidas trarão alerta sobre a presença de substâncias que causam alergias.
 
A medida faz parte de uma proposta de resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), obtida pela Folha, e que foi em audiência pública nesta quarta-feira (6).
 
Pelo texto, rótulos terão que informar a presença de nove grupos de substâncias, que hoje respondem por 90% dos casos de alergias, segundo a agência.
 
São eles: trigo e derivados, crustáceos, ovos, peixes, amendoim, soja, nozes e castanhas, leite e látex natural.
 
Movimento de mães
O debate sobre o tema ganhou força no ano passado, com a criação do movimento “Põe no Rótulo”, que reúne cerca de 900 mães de crianças alérgicas.
 
O debate sobre o tema ganhou força no ano passado, com a criação do movimento “Põe no Rótulo”, que reúne cerca de 900 mães de crianças alérgicas.
 
Hoje, a Anvisa já obriga as empresas a informarem os ingredientes, mas não havia uma norma que determinasse isso de forma clara. Várias substâncias são colocadas no rótulo com letrinhas miúdas e nomes técnicos.
 
Para o médico Fábio Castro, professor de imunologia clínica e alergia da USP, a inclusão de avisos no rótulo pode reduzir o número de casos de reações causadas por esses produtos.
 
“Hoje, o número de pessoas com alergia está aumentando de forma absurda”, diz. “E as pessoas têm dificuldade de saber o que contêm os alimentos. Não adiantar colocar caseína se a pessoa não tem a menor ideia de que é uma proteína do leite.”
 
Agora, a ideia é que os avisos passem a constar com destaque abaixo da lista dos ingredientes. A proposta prevê que a letra seja igual ou maior à do restante da embalagem, com o aviso “Alérgicos: contém …”.
 
Empresas também terão que informar sobre possíveis casos de contaminação cruzada, quando uma máquina utilizada para fabricar um produto pode ter resíduos de outras substâncias. Nesse caso, será usada a expressão “pode conter”.
 
A mudança pode encerrar a via-crúcis de familiares que precisam recorrer ao SAC (serviço de atendimento ao cliente) das empresas para obter informações. Nem sempre com sucesso.
 
“Muitas vezes, o SAC só lê a lista de ingredientes e diz que não tem traços de algum produto. E, quando a mãe liga desesperada porque o filho teve reação, aí falam com a área técnica e descobrem que tem”, diz Cecília Cury, do “Põe no Rótulo”.
 
Após a audiência pública, o projeto de mudança do rótulo passará por reunião da diretoria colegiada da Anvisa. Se aprovado, a indústria terá um ano para se adaptar.
 
Para o diretor Renato Porto, a principal dificuldade era criar uma regra de forma a não passar uma imagem negativa ou até mesmo positiva sobre a presença ou não de algumas substâncias.
 
“Temos que tomar cuidado para não restringir a dieta da população brasileira sem justificativa.
 
Alimento não é vilão. Só é para quem tem alergia”, afirma.
 
Folha de São Paulo

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