Rio de Janeiro. Nasceu há cerca de 20 dias, no Canadá, o bebê que é visto por muitos cientistas como um marco no avanço das práticas de fertilização in vitro. Zain Rajani foi gerado a partir de uma nova técnica, chamada “Augument”, capaz de aumentar a qualidade reprodutiva dos óvulos e viabilizar uma maior taxa de sucesso no procedimento.
De acordo com a revista norte-americana “Time”, os pesquisadores descobriram no ovário das mulheres uma reserva de células-tronco saudáveis, destinadas especificamente a produzir futuros óvulos, que podem ser utilizadas para transformar a qualidade da célula reprodutiva, fazendo com que os gametas (células reprodutivas maduras) de baixa eficácia se tornem mais férteis.
Usando o novo método, desenvolvido por cientistas da empresa OvaScience, retirou-se uma pequena amostra do tecido ovariano da mãe de Zain, de onde foram coletadas as células-tronco e extraída delas a mitocôndria (parte da célula cuja principal função é a geração de energia) para aplicar nos antigos óvulos, que apresentavam baixa qualidade reprodutiva. A mitocôndria introduzida no óvulo velho é capaz de impulsionar a potência das células reprodutivas.
“Nenhuma cultura de células pode contornar a baixa qualidade do óvulo ou um óvulo que é cansado demais para executar o que é capaz de fazer. Nós estamos transformando pacientes com taxa de gravidez de 0%, que falharam na fertilização in vitro, em pacientes grávidas. A mitocôndria rejuvenesce o óvulo e o traz de volta para um estado de alta qualidade”, afirmou Jonathan Tilly, pesquisador que iniciou os estudos em 2004.
Natasha Rajani tentava engravidar havia quatro anos e já tinha feito um procedimento tradicional de fertilização. Na época, ela produziu 15 óvulos, mas apenas quatro foram fertilizados. Desses, um amadureceu a ponto de ser feita a fertilização. Com a nova técnica, quatro óvulos puderam ser fertilizados, três dos embriões foram congelados, se o casal desejar ter mais filhos, e um deu origem a Zain.
A técnica ainda não é permitida nos Estados Unidos por ser considerada uma forma de terapia genética, o que é proibido no país. Segundo a “Time”, 36 mulheres de quatro países – que já haviam tentado o método tradicional e falharam – estão sendo submetidas à técnica. Oito delas já estão grávidas. A clínica canadense OvaScience, que aplicou o procedimento, pretende realizar mil ciclos de fertilização “Augument” já neste ano e produzir uma base de dados que façam com que o método seja colocado em prática em outros países, sobretudo nos Estados Unidos.
“Vemos Zain como um símbolo de esperança para todos os casais que lutam contra a infertilidade”, disse Natasha.
Legalidade
Onde pode
Como a técnica usada pode ser interpretada como terapia genética, o que é proibido em muitos países, o procedimento só é feito no Canadá, na Turquia e nos Emirados Árabes.
Parceria
A nova técnica nãosubstitui a fertilização in vitro. Ela é feita em parceria com o procedimento já conhecido.
O Tempo
Eu tenho 42 anos e já tive falhas em outras FIV e TEC sem sucesso. Já me indicaram a ovodoação, mas ainda não estou preparada pra isso. O tratamento Augment da Ovascience é minha melhor chance de ser mãe. Já entrei em contato com diversas clínicas de fertilização de SP e RS e até agora nenhuma sinalizou com a possibilidade de trazer o tratamento para o Brasil...
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