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sábado, 23 de maio de 2015

Cientistas querem acabar com mosquitos fêmeas da dengue para conter doença

A proposta é de um grupo de cientistas dos EUA que detectou o gene responsável por determinar o sexo do Aedes aegypti. A manipulação genética aumentaria a quantidade de insetos machos, não transmissores da doença
 
Eles podem levar a má fama, mas elas são as verdadeiras vilãs por trás da dengue, da febre amarela e de tantas outras doenças tropicais. A picada do Aedes aegypti que transmite esses vírus aos humanos é, na verdade, um estágio da reprodução das fêmeas, que consomem o sangue para obter os nutrientes necessários para o desenvolvimento dos seus ovos. Sabendo da diferença de hábitos entre mosquitos machos e fêmeas, cientistas identificaram, pela primeira vez, o gene responsável pela determinação do sexo do Aedes aegypti. A pesquisa pode resultar em um método capaz de transformar as crias do inseto em machos inofensivos e conter a transmissão de todos os patógenos que usam o bicho como vetor.

A descoberta, publicada ontem na revista Science Express, mostra como um interruptor presente nos machos influencia no desenvolvimento dos órgãos reprodutores dos mosquitos. O pequeno gene, chamado Nix, foi encontrado em uma região que é considerada um “buraco negro genômico”. “Os fatores que determinam a formação de machos tendem a ficar em regiões do genoma que estão cheias de sequências repetitivas e que, portanto, são muito difíceis de sequenciar”, conta Zhijian Jake Tu, pesquisador do Instituto Politécnico e da Universidade Estadual da Virgínia e principal autor do estudo.

"Temos de ter em mente que estamos lidando com um ser vivo, com uma espécie que já driblou algumas das medidas que tomamos historicamente, como o uso dos inseticidas. Ele criou resistência a essas drogas”Tamara Nunes de Lima-Camara, professora do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP.

Os pesquisadores desenvolveram um método para identificar as sequências de genes ligadas às características masculinas do inseto e filtraram os resultados até chegar no regulador Nix. Para testar a influência do gene, injetaram o fator em embriões do inseto, o que resultou no nascimento de fêmeas parcialmente masculinizadas. Mais de dois terços dos insetos que deveriam ter o sexo feminino desenvolveram os órgãos reprodutores masculinos graças à presença do Nix no organismo. Quando o fator foi removido dos ovos por meio de um método de edição de genoma chamado CRISPR-Cas9, o contrário aconteceu. Os mosquitos machos desenvolveram genitálias femininas, em vez das masculinas.

Os resultados provam que o gene pode ser usado como uma ferramenta para o desenvolvimento de uma prole predominantemente formada por machos. Ainda não se sabe se os mosquitos com o sexo modificado são capazes de reproduzir, mas os cientistas acreditam que, se for corretamente inserido no genoma dos insetos, o fator masculino poderia ser repassado por gerações, estabelecendo uma linhagem de mosquitos predominantemente masculina.
 
Correio Braziliense

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