Dr. Tiago Biachi de Castria Oncologista - CRM 141396/SP
O câncer de esôfago foi responsável por 460 mil novos casos de câncer e 400 mil mortes no mundo em 2012. Qualquer comentário sobre a epidemiologia e fatores de risco dessa doença deve levar em consideração que ela abrange dois tipos muito distintos de tumores: o adenocarcinoma e o carcinoma epidermoide.
O subtipo adenocarcinoma vem apresentando um aumento expressivo em sua incidência nas ultimas décadas, principalmente nos países desenvolvidos e no mundo ocidental em geral, devido à maior incidência dos seus principais fatores de risco: obesidade e doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).
O carcinoma epidermoide representa até 90% dos casos de câncer de esôfago em áreas como norte do Irã e algumas regiões da China, sendo também bastante frequente em algumas regiões na América Latina, como Argentina, Uruguai e no sul do Brasil. Juntas, essas regiões formam o que chamamos de "cinturão do câncer de esôfago", e em comum dividem o hábito da ingestão de líquidos em altas temperaturas (chás entre os orientais e o chimarrão entre os sul-americanos).
Em um estudo de caso-controle publicado em 2009 na British Journal of Medicine feito com a população iraniana mostrou um risco 2 vezes maior de câncer de esôfago entre aqueles que ingeriam chá com temperatura entre 60-64ºC, e até 8 vezes maior quando a temperatura era superior a 65ºC.
Outra análise semelhante, conduzida na América do Sul, mostrou um risco 1,6 maior entre indivíduos que consumiam chimarrão quando comparados aqueles que não consumiam. Esse risco foi diretamente proporcional ao tempo de consumo, quantidade diária ingerida e temperatura da água.
O consumo dessas bebidas parece ser um fator de risco independente para o câncer de esôfago, levando a uma agressão crônica na mucosa do órgão, proliferação celular desordenada e consequente formação de lesões precursoras de tumores. Ainda, naqueles indivíduos expostos a outros carcinógenos, como álcool e tabaco, podem ter esse processo acelerado, assim como uma alta ingestão de frutas e verduras parece ser um fator protetor.
Minha Vida
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