Segundo pesquisa da Universidade de Oxford, medicamento para essa doença altera o julgamento moral de quem o toma
Medicamentos usados para tratar a doença de Parkinson e a depressão são capazes de alterar os julgamentos morais de quem os toma, de acordo com um novo estudo.
A psicóloga da Universidade de Oxford Molly Crockett, e que liderou a pesquisa, afirmou ao jornal britâncio “The Guardian” que, embora as drogas não transformem “uma pessoa saudável em um criminoso”, elas poderiam ter uma mudança comportamental a longo prazo.
O estudo constatou que pessoas saudáveis que receberam uma dose da droga indicada para depressão, que reforça a serotonina, tornaram-se mais relutantes em dar choques elétricos em outras pessoas.
Normalmente as pessoas preferem receber um choque elétrico do que dar em outra pessoa. Mas esta tendência desapareceu entre os que tomavam levodopa, um medicamento que aumenta a dopamina, indicado para o Parkinson.
— No tratamento do Parkinson, alguns pacientes podem desenvolver comportamentos compulsivos para o jogo e para o sexo. As drogas têm consequências além do mundo do paciente — disse o Dr. Crockett. — A mensagem central é que precisamos ter mais pesquisas sobre como essas drogas afetam o comportamento, tanto em pessoas saudáveis, quanto para pessoas que fazem uso contínuo delas. Não estamos transformando uma pessoa saudável em um criminoso ou coisa do tipo. Mas, num geral, tomamos decisões várias vezes ao dia e elas podem moldar nossas vidas.
Um artigo sobre a pesquisa na revista “Current Biology” explicou que 175 pessoas receberam medicações (levodopa ou serotonina) ou placebos. Elas foram, então, divididas em pares. E uma delas tinha a chance de ganhar dinheiro dando um choque elétrico na outra.
Mas, o dinheiro também poderia ser ganho evitando o choque. Aqueles que receberam o placebo ofereceram pagar uma média de R$ 171 para parar de receber choque e R$ 215 para evitar o choque no outro.
Aqueles que tomaram o reforço da serotonina ofereceram pagar R$ 293 para parar de receber o choque e R$ R$ 356,5 para não iniciar o choque no outro. Mas, aqueles que receberam a dose de levodopa (que se transforma em dopamina), base da medicação para o Parkinson, ofereceram uma média de R$ 171 para parar os choques em si ou no outro.
— A dopamina fez as pessoas mais egoístas — disse Crockett. — A maioria das pessoas mostrou esse padrão de que é pior prejudicar os outros pessoas do que a sim mesmo. E isso foi abolido pela droga.
O Globo
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