Uma auditoria contratada pela atual administração da Unimed Paulistana indicou que os problemas financeiros da empresa foram causados por má gestão. A investigação nas contas da operadora foi feita pela PWC Consultores e PPC Auditores Independentes
Com base nos resultados preliminares da apuração, os advogados da Unimed enviaram ao Ministério Público Federal em São Paulo um pedido de abertura de inquérito criminal para investigar a possível prática de gestão fraudulenta. Somente em dívidas tributárias, a empresa acumulou mais de R$ 97 milhões em obrigações não recolhidas. As informações também foram enviadas à comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investiga os problemas com planos de saúde na Câmara Municipal de São Paulo, que repassou o material à Agência Brasil.
Entre os problemas apontados pelos auditores, está o investimento de R$ 10 milhões, feito no ano passado, em serviços que não puderam ser comprovados. “Pudemos constatar, na realidade, que, nos contratos assinados, não houve, apesar de constar no objetivo de cada contrato, um planejamento claro e conciso das atividades a desenvolver para ser imposto aos contratados. Também não existiam elementos, tais como relatórios periódicos para possibilitar avaliar e mensurar o desempenho das atividades”, destaca o relatório.
Foram apontadas ainda falhas nos mecanismos internos de controle da empresa. “Verifica-se que as oscilações aqui demonstradas indicam a ocorrência de problemas nos controles internos de gestão do faturamento da empresa, principalmente na movimentação dos contratos de adesão”, ressaltaram os auditores.
A operadora apresentava dificuldades financeiras desde 2009. Naquele ano, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) começou a intervir na empresa. No total, a agência submeteu a Unimed Paulistana a quatro regimes especiais de direção fiscal e dois regimes de direção técnica. Nesse sistema, um agente indicado pelo órgão faz acompanhamento presencial das atividades da empresa.
Apesar das medidas, No balanço de 2014, a Unimed Paulistana apresentou prejuízo de R$ 275 milhões e patrimônio líquido negativo de R$ 169 milhões. Devido aos problemas, a ANS determinou a transferência dos 740 mil beneficiários para outra operadora. Como não houve interesse na carteira de clientes, optou-se pela migração dos usuários para outras cooperativas médicas do sistema Unimed.
A auditoria mostrou ainda que o plano de recuperação implementado pela atual gestão não foi capaz de sanear a situação de empresa. “Em que pese o esforço aplicado pela atual administração, inclusive na reformulação de seus colaboradores e profissionais contratados especializados, visando buscar soluções administrativas e operacionais, os resultados auferidos indicam que não conseguirá a operadora êxito na busca do seu reequilíbrio econômico-financeiro no período planejado.”
Em depoimento na CPI da Câmara Municipal, o ex-presidente da Unimed Paulistana Paulo Leme disse que se esforçou para solucionar os problemas financeiros da empresa e atribuiu a situação à administração atual. A reportagem da Agência Brasil procurou Leme por intermédio de seu contato comercial, porém, não conseguiu falar com ele.
Agência Brasil
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