Após a aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março e pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) do SUS em junho, pacientes ainda aguardam a incorporação ao Sistema Único de Saúde de um novo tratamento que aumenta as chances de cura da hepatite C. Daclatasvir, simeprevir e sofosbuvir são esperança de cura principalmente para os infectados que se encontram no estágio mais avançado da doença – o que não era possível com os antigos tratamentos. O Ministério da Saúde conseguiu negociar preços com as indústrias farmacêuticas, obtendo descontos de mais de 90% em relação aos preços de mercado, mas mantém o prazo de dezembro para a implementação.
O gerente de projetos da Associação Brasileira do Portadores de Hepatite (ABPH), Eduardo Lima, acredita que, para o governo, o tratamento precoce dos pacientes é conquista econômica.
– Evitar que o portador de hepatite C venha a ter complicações mais sérias como cirrose pode reduzir o custo desse paciente para o sistema público no futuro – afirma Lima.
Composto por três medicamentos, o tratamento apresenta taxa de cura de cerca de 90%.
– Pela primeira vez, teremos um remédio para tratar cirrose avançada (consequência da hepatite C).
Pessoas nessa condição, se submetidas ao novo tratamento, podem ser curadas sem precisar de transplante de fígado, por exemplo – diz Hugo Cheinquer, professor titular da Faculdade de Medicina da UFRGS e coordenador do Ambulatório de Hepatites do Hospital de Clínicas.
Um novo exame para avaliar o grau de comprometimento do fígado dos pacientes com hepatite C está sendo incorporado ao SUS e é outro avanço no acompanhamento da doença: a Elastografia Hepática Ultrassônica. Considerado seguro, indolor e não invasivo, o teste deve estar disponível no SUS em até 180 dias.
Por que é tão importante
A doença
Silenciosa, a hepatite C é transmitida pelo sangue ou por materiais contaminados como seringas, objetos cortantes, alicates de unha e instrumentos utilizados em tatuagens e piercings. Também pode ser transmitida por contato sexual – em índice menos elevado. O órgão mais afetado pelo problema é o fígado, no qual podem ser identificadas lesões pequenas e até cirrose, passando por hepatite aguda e crônica, que chega ao câncer.A diferença
Como é
– O paciente é tratado à base de interferon alfa recombinante (injetável). Mais tarde, surgiu o interferon peguilado – com efeitos colaterais mais toleráveis em comparação ao primeiro –, combinado com ribavirina (comprimido).
– Chance de cura: cerca de 40%
– Duração: 48 semanas
– Efeitos colaterais: cansaço, anemia, dor muscular, depressão, irritabilidade e lesões de pele. Em razão do enorme desconforto, causado principalmente em pacientes com cirrose avançada, o tratamento tem uma taxa de interrupção de 10% a 20%.
– Indicação: estágio inicial.
Como será
– Por meio da combinação dos medicamentos daclatasvir, simeprevir e sofosbuvir. A combinação de dois desses medicamentos já apresenta eficácia.
– Chance de cura: cerca de 90%
– Duração: de 12 a 24 semanas
– Efeitos colaterais: cerca de 10% das pessoas apresentam dor de cabeça, náuseas ou cansaço, dizem os especialistas.
– Indicação: pacientes em todos os estágios. No Brasil, os medicamentos serão para quem se encontra nos estágios de fibrose 4, 3 e 2 há mais de três anos.
– Também pacientes coinfectados com o HIV e outros casos específicos.
Zero Hora
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