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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Medicação usada para asma é nova esperança para quem sofre de urticária crônica

Medicação Xolair, que deve ser aprovado este ano no Brasil, foi testada com sucesso em sete pacientes do Rio de Janeiro
 
Manchas vermelhas na pele em alto relevo, inchaço e coceira são capazes de tirar o sono e o humor de qualquer pessoa por um dia. Que dirá por vários dias, semanas, meses ou anos a fio. “Me coçava com escova de alfinete, jogava álcool no corpo para dormir, tinha vontade de morrer. Eu não aguentava mais”, conta a bióloga Anna Cristina Guimarães Adametz Escarrone, de 52 anos, que sofreu de urticária crônica durante longos seis anos.
 
No Brasil, aproximadamente 20% da população vão apresentar urticária em algum momento, geralmente aguda, causada em geral por alergia a alimentos ou remédios, e 1% —nessa parcela incluída Anna Cristina —sofre com a urticária crônica refratária, que não responde ao tratamento com corticóides e antihistamínicos. A doença pode persistir em média cinco anos, com variações de meses ou até mesmo 20 anos.
 
“Essa doença traz mais dificuldade na causa (etiologia) e no tratamento, além de provocar um transtorno na qualidade de vida e no aspecto emocional do paciente, pois atrapalha no trabalho, na escola”, explica a médica alergista Solange Rodrigues Valle, chefe do Serviço de Imunologia da UFRJ. Para os casos mais graves, em que a medicação mais comum nas crises não resolve (corticoides por três a 10 dias e anti-histamínicos por 15 dias) é necessário aumentar a dose prevista na bula em até quatro vezes. Mas e quando nem isso resolve? Para esses casos, a especialista recomenda o Xolair, que deve ser aprovado ainda este ano no Brasil. 
 
“Meu corpo queimava, ficava inchada, com o rosto deformado, parecia um monstro. Isso me deixou abalada física e emocionalmente. Tive de parar de trabalhar e cheguei a tomar remédio para sarna, lepra e malária. O Xolair me curou”, conta Anna Cristina. Ela é uma das sete pacientes que se submetem, no Rio, desde 2013, ao tratamento experimental com o medicamento na rede pública, nos hospitais do Fundão e São Zacarias, em Botafogo, Zona Sul.
 
“Essa nova medicação vai beneficiar essa parcela de pacientes resistentes, que não respondem aos medicamentos mais usuais”, conta Solange, que coordena a pesquisa, com autorização judicial. Ela vai apresentar o Xolair no 32º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia, em Vitória (ES), de sábado até terça-feira.
 
Tireóide pode ser a causa
Solange Valle, que coordena a Comissão de Alergia Dermatológica da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai-RJ), diz que a urticária crônica refratária pode ser causada por doenças autoimunes, frequentemente ligadas à tireoide. “Por isso deve ser investigada por alergista ou imunologista”, explica.
 
Segundo ela, o Xolair — já aprovado para uso em asma de difícil controle, com boa resposta — tem se apresentado muito eficaz para combater a doença, como comprovam estudos nos Estados Unidos e Europa. A medicação, subcutânea, é aplicada em dose única a cada quatro semanas. “Há pacientes que usam há mais de um ano e já são totalmente assintomáticos”, ressalta. A má notícia: não é uma medicação barata e ainda não se sabe a que preço deverá chegar ao Brasil.
 
O Dia

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