O cidadão comum, sem passagens por ambientes hospitalares, talvez responda que é andar de avião. As duas situações são igualmente perigosas, mas andar de avião é muito mais seguro na medida em que a indústria aeronáutica e as companhias aéreas adotam milhares de procedimentos de segurança.
Os ambientes hospitalares são estruturas complexas, com muitos ambientes, com equipamentos sofisticados, com materiais perigosos, com instalações de gases sob altas pressões e com estoques de materiais e medicamentos para os pacientes.
Normalmente, os profissionais de saúde são treinados para operar de forma eficiente os equipamentos hospitalares, mas, muitas vezes, estes não sofrem manutenções nos prazos recomendados, ou estas são realizadas por profissionais sem a devida capacitação para assegurar que funcionem com segurança. As instalações e as estruturas prediais devem dispor ainda de dispositivos e de equipamentos para prevenção e combate a incêndios e ter equipes treinadas para tal, o que nem sempre acontece. A prevenção e o controle de infecções é outra área de atuação onde se devem estabelecer procedimentos e ações de prevenção. Estes são alguns exemplos de o porquê dos serviços de saúde ser locais de alto risco para os pacientes, profissionais e visitantes.
A relevância deste assunto é de tal importância, que o Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA) dedicou um capítulo exclusivo sobre gestão do ambiente nas recomendações de seu novo produto: Fundamentos de Qualidade e Segurança no Cuidado ao Paciente, voltado para instituições não acreditadas que desejam seguir padrões mínimos de qualidade e segurança.
Para diminuir os riscos nos ambientes onde são prestados cuidados aos pacientes, algumas medidas devem ser tomadas. O ambiente das instituições de saúde deve sofrer uma inspeção periódica, para diminuir a possibilidade de riscos aos pacientes, profissionais e visitantes e, continuamente, melhorar a segurança do mesmo. É preciso haver, por exemplo, controle de materiais perigosos. A instituição deve começar com uma lista desses materiais existentes, e elaborar um plano para a sua manipulação, armazenamento e utilização.
Não podemos falar em segurança de ambiente sem um plano de segurança contra incêndio, para garantir que todos os ocupantes dos prédios da instituição estejam seguros contra fogo, fumaça e outras emergências. Esse plano deve ser testado, incluindo os equipamentos envolvidos, bem como o conhecimento pessoal sobre como mover os pacientes para áreas seguras, ou promover a completa evacuação do ambiente.
Para a segurança de equipamentos biomédicos deve existir um inventário de todos os equipamentos e profissionais qualificados devem proporcionar adequada operação, inspeção, teste e manutenção preventiva dos mesmos. Água potável e energia elétrica devem estar disponíveis 24 horas por dia, sete dias por semana, através de fontes regulares ou alternativas, para atender necessidades essenciais de atendimento aos pacientes.
Um programa de prevenção e controle de infecção deve ser coordenado por um profissional qualificado na prevenção de infecção e em práticas de controle. Deve existir um programa de higiene das mãos, com base em diretrizes reconhecidas. O programa deve ser eficaz na redução da prevalência e incidência de infecções associadas aos cuidados de saúde. Devem ser utilizados recursos para promover barreiras técnicas (precaução/isolamento), tais como luvas, máscaras, óculos e outros equipamentos de proteção individual. Os profissionais devem ainda receber orientações claras sobre o descarte adequado de materiais perfurocortantes, como agulhas e ampolas de vidro, e sobre o descarte adequado de todos os outros tipos de resíduos produzidos na instituição.
Estas são algumas das medidas adequadas para assegurar que os pacientes estejam seguros, protegidos num ambiente favorável, assim como garantir a segurança dos profissionais. Então, agora que você já conhece algumas dessas medidas: O que é mais seguro, viajar de avião ou se internar em um hospital para uma cirurgia?
* Antonio Jorge D F Santos é engenheiro mecânico, pós-graduado em Análise de Sistemas, especialista em análise de processos e há mais de 25 anos atua na área da saúde. É educador para a melhoria da qualidade e segurança do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA).
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