Pessoas obesas têm grandes chances de desenvolver doenças renais crônicas no longo praz
Preocupadas com esse risco, as sociedades Internacional e Brasileira de Nefrologia (ISN, do nome em inglês, e SBN) lançaram campanha para comemorar no último dia 9, o Dia Mundial do Rim. O tema central é
De acordo com a SBN, 10 milhões de brasileiros sofrem com algum tipo de disfunção renal.
Segundo o Ministério da Saúde, 52,5% da população adulta está acima do peso e, dessa parcela, 17,9% estão obesos. Dados de 2014 indicam que há 600 milhões de obesos no mundo.
Segundo o médico nefrologista Rubens Lodi, membro do Departamento de Diálise da SBN, o rim de uma pessoa que se torna obesa não cresce proporcionalmente ao ganho de gordura ou ao tamanho do corpo. “Ele fica do mesmo tamanho e, então, vai ter que trabalhar muito mais”, explica.
Em uma pessoa que pesa 150 quilos, por exemplo, o rim trabalha duas vezes mais do que é capaz. “O trabalho forçado desse rim vai acabar lesionando o órgão.”
Lodi lembra que todas as doenças ligadas ao ganho de peso, como diabetes, hipertensão e colesterol alto, também “machucam o rim”, que é um órgão cheio de veias e artérias. “Tudo o que afeta as veias e artérias afeta o rim.”
De acordo com o médico, de modo geral, os obesos desconhecem esse fato, o que mostra a importância da campanha deste ano. “O obeso sabe que tem que cuidar do diabetes, da pressão alta. Mas a população obesa não tem informação de que, além disso, seu rim está sendo machucado.”
Diferentemente de outros órgãos, o rim não apresenta sintomas de falência até perder 70% da sua função. Segundo Rubens Lodi, pesquisa internacional recente revela que 17% dos cânceres renais estão ligados à obesidade.
Vida saudável
O médico ressalta que os obesos podem evitar doenças renais crônicas com mudanças de comportamento. Se a pessoa emagrecer, por exemplo, o rim vai voltar a funcionar em seu valor normal. É preciso também procurar um especialista que indique a medicação correta para a perda de proteína aumentada na urina causada pela obesidade. “Como qualquer doença, em estágios precoces, tem como controlar”. Nos estágios tardios, a progressão para a diálise vai ser obrigatória, alerta Lodi.
Como a obesidade é um fator de risco modificável para doenças renais, é importante não desidratar, reduzir o consumo de sal, não tomar remédios sem controle médico, principalmente anti-inflamatórios, praticar exercícios físicos e ter uma dieta nutricional balanceada. “O rim vai colocar para fora o que a boca colocou para dentro. Se o rim está sobrecarregado, a nutrição vai ser essencial nesse processo.”
Hemodiálise
Quem faz hemodiálise é quem perdeu mais de 90% da função renal. Até perder 70% ou 80%, Rubens Lodi reiterou que a pessoa não sente nenhum sintoma específico. Uma náusea, por exemplo, costuma ser associada a um problema de fígado, e as pessoas acabam não fazendo esse vínculo com o rim. “Quando ele percebe, já está na diálise.”
O problema não ocorre somente no Brasil. Nos Estados Unidos, só 50% dos pacientes que entraram em diálise e estavam com insuficiência renal avançada sabiam que tinham a doença. Apenas 10% que tinham insuficiência em algum grau leve ou moderado sabiam que tinham a doença.
Segundo o especialista, isso decorre da falta de cuidados e de monitoramento do rim por meio de exames.
Cerca de 110 mil pacientes fazem hemodiálise no Brasil atualmente. Desse total, 84% são atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 16% são financiados pelo sistema complementar de saúde.
Em uma análise regional, o Nordeste, por exemplo, tem 100% das diálises bancadas pelo SUS. Lodi destacou que poucos países no mundo têm esse número de pacientes financiados pelo governo.
As estatísticas revelam que 36 mil pacientes entram em diálise por ano no Brasil e que 20 mil morrem por ano.
Rubens Lodi afirma que há carência de vagas para diálise no país que, atualmente, estão concentradas no Sudeste. Nos pronto-socorros e hospitais de menor porte ainda morrem pacientes por falta de vagas para diálise.
Agência Brasil
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