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segunda-feira, 13 de março de 2017

Centro de Valorização da Vida: Uma luz do outro lado da linha

Atendimentos telefônicos feitos pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) passarão a ser gratuitos pelo telefone 188

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Voluntários do CVV com o Ministro da Saúde Ricardo Barros. - Foto: Rodrigo Nunes/MS

Quem disca o número 141 (atual telefone da linha do Centro de Valorização da Vida) sempre encontra do outro lado da linha alguém para escutar as angústias que precisam ser superadas. Os voluntários do CVV , espalhados por todo o país, estão à disposição sempre, não só para dar suporte nos momentos difíceis, mas também para compartilhar alegrias. Agora, graças a um Termo de Cooperação Técnica com o Ministério da Saúde, as ligações para o CVV vão passar a ser gratuitas pelo novo número, 188.

Adriana Rizzo é uma das voluntárias que atendem a população pelo serviço telefônico, e já atua há 16 anos como voluntária. Para ela o trabalho é fundamental, pois hoje em dia muita gente só se sente segura em procurar um profissional da saúde porque teve ajuda do CVV. Além disso, ela defende que o trabalho é fundamental. “Muita gente não tem com quem conversar, e isso pode levar a pessoa a pensar em tirar a própria vida. Poder dar atenção às pessoas me estimula a continuar sendo voluntaria”.

Mais de 160 países foram analisados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Brasil está entre os 28 que possui estratégia de prevenção ao suicídio. A taxa de casos registrados é de 10.653 suicídios em 2014, uma taxa média de 5,2 por 100 mil habitantes. A média mundial é de 11,4 por 100 mil habitantes. A rede pública oferece acompanhamento psicológico e psicoterápico, incluindo terapia ocupacional e assistência hospitalar.

Para Adriana, um ponto importante é a mudança que ocorre com quem está do outro lado. “Tem coisas que pra gente não tem muito valor, mas pra elas tem, e a gente vai apoiando, tentando entender e compreender o que ela está sentindo. Ouve, conversa, e nisso surge a oportunidade de aliviar o peso que muitas vezes ela carrega”. Outra mudança também é a que ocorre com o próprio voluntário “Me faz ser uma pessoa mais humilde e mais compreensível. Você ouve tantas historias e situações diferentes, que muitas vezes não tem nada a ver comigo, mas me fazem ver a vida diferente”.

Mas nem sempre as histórias são de pessoas buscando por ajuda. Nilsa Madsen, voluntária do CVV em Porto Alegre (RS) há 12 anos, lembra que em alguns casos apenas um bom dia já faz a diferença na vida de quem procura o serviço. “Tem pessoas que ligam para falar das coisas do dia a dia, desabafar do cotidiano, ou contar alguma coisa boa que aconteceu, simplesmente porque não tem para quem contar”.

E a história de Nilsa com o voluntariado começou a partir do mesmo sentimento que faz com que algumas pessoas procurem o serviço. “Meu marido faleceu, meus filhos saíram de casa, saí do interior e fui para Porto Alegre. Me senti muito sozinha. Um sábado à tarde ouvi no rádio que o CVV estava ofertando curso para voluntários. Como queria continuar trabalhando com pessoas porque fui professora, pensei que seria uma oportunidade. Fiz o curso de três meses e fiquei até hoje”, lembra.

Em todos os casos, o tipo de acolhimento feito pelo Centro de Valorização da Vida é o mesmo: se colocar no lugar do outro, tentar compreender o problema pelo qual a pessoa está passando e respeitar acima de tudo o sofrimento do indivíduo. “Quem sou eu para dizer o que a pessoa tem que fazer? O que eu mostro é que mesmo distante eu estou próxima, e me doando por ela”. O atendimento através do CVV é sigiloso. Não é necessário se identificar.

O Rio Grande do Sul foi pioneiro no serviço de atendimento gratuito. Há um ano e meio a população já pode contar com o apoio através do telefone 188, e Nilsa garante que o aumento na procura foi muito significativo. “O nosso fluxo de atendimento aumentou mais de quatro vezes. Além disso, a mudança possibilitou a procura de pessoas que antes não tinham acesso. Aconteceram situações onde estávamos falando com a pessoa e a ligação caía porque os créditos acabavam. Era muito desagradável”.

Até abril de 2020 espera-se que o serviço feito pelo Centro de Valorização da Vida (CVV) seja expandido para todos os estados brasileiros, já com a ligação gratuita através do número 188.

Aline Czezacki, para o Blog da Saúde

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