Produto à base de elastina será capaz de fazer a pele se reconstruir rapidamente e poderá ser usado em partes internas do corpo
Quem já passou por algum processo cirúrgico ou teve uma lesão profunda em que a pele foi cortada sabe que o até a pele formar a cicatriz é preciso tempo e paciência. Apesar de a aparência começar a melhorar depois de sete a 10 dias da data da lesão, mesmo com a ajuda de pontos e outros recursos, a camada mais profunda da pele pode levar até seis meses para se regenerar.
Pensando nisso, engenheiros biomédicos da Austrália e dos Estados Unidos desenvolveram uma cola cirúrgica elástica capaz de formar cicatriz em feridas e cortes em questões de segundos. Não, não se trata de mágica. O produto, tido como “inovador”, tem o objetivo de salvar vidas selando de maneira muito mais eficiente feridas de pacientes lesionados. E o melhor: o processo para que a pele se reconstrua promete acontecer em apenas 60 segundos.
O material funciona como uma cola injetável, chamada MeTro, e é feito a partir de uma proteína natural, a tropaelastina – forma solúvel e imatura da elastina, conhecida como a principal proteína que produz as fibras elásticas do organismo. Ao ser aplicada diretamente na ferida, a cola tem seu efeito ativado com uma luz UV, capaz de fazer com que a cola forme uma vedação completa, mesmo em tecidos úmidos, eliminando a necessidade de grampos ou pontos para que a pele se regenere.
A elasticidade do produto é importante para que a substância seja ideal também para ser aplicada em órgãos internos que mudam a forma, como os pulmões e o coração. Com seu efeito capaz de ser alterado de dissolução em poucas horas até algumas semanas, a substância revolucionária também tem o potencial de reduzir dramaticamente o tempo de recuperação do paciente.
Pesquisa
O estudo sobre o novo produto foi publicado na revista Science Translational Medicine, e mostrou que a substância foi bem sucedida na fase de testes em animais, quando aplicada nas artérias e pulmões de ratos e pulmões dos porcos. “A beleza da fórmula da cola MeTro é que, logo que ela entra em contato com superfícies de tecido, ela se solidifica em uma fase similar ao gel, e não escapa”, explicou o professor Nasim Annabi, do Departamento de Engenharia Química da Northeastern University.
Ainda é preciso que outras avaliações sejam feitas, principalmente em humanos, mas os pesquisadores acreditam que a cola deve estar no mercado nos próximos três anos. A ideia é que o produto ajude a formar uma cicatriz rapidamente em pessoas que sofreram acidentes de trânsito, passaram por procedimentos cirúrgicos, ou até que foram feridas em combates na guerra.
iG
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