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quinta-feira, 5 de abril de 2018

Ácido úrico elevado no sangue pode levar ao surgimento da gota, principalmente em homens

Inchaço do dedão do pé acompanhado de dor forte é um dos primeiros sintomas dessa doença inflamatória

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A gota é uma doença inflamatória mais comum em homens, que acomete sobretudo as articulações e ocorre quando a taxa de ácido úrico no sangue está em níveis acima do normal. A mais comum em mais de 90% dos casos é o tipo que ocorre com predomínio no sexo masculino. “O hormônio feminino protege a mulher contra o depósito de ácido úrico nas articulações. Após a menopausa, com a queda de estrógenos, o organismo da mulher se comporta de forma semelhante ao do sexo masculino e daí a mulher passa a ter também maior probabilidade de apresentar crises de gota”, explica Ênio Ribeiro Reis, presidente da Sociedade Mineira de Reumatologia (SMR).

Ele explica que em torno de 20% das pessoas que apresentam ácido úrico elevado no sangue desenvolvem gota no decorrer dos anos. “Existe a tendência hereditária da doença de gota, tanto por dificuldade de excreção dos cristais em nível urinário, como também por uma eficiência exagerada no reaproveitamento dos núcleos purínicos e aumento da formação de cristais e consequente depósitos desses cristais em nível articular. Em 80% dos pacientes com gota, a causa do ácido úrico elevado é por uma eliminação inadequada de ácido úrico pelos rins. Além disso, contribui para essa elevação uma dieta em excesso de proteínas e purinas (carnes vermelhas e bebidas alcoólicas, por exemplo). Em outros casos, pode haver uma produção aumentada de ácido úrico pelo próprio organismo.

Ataques recorrentes
O médico ressalta que a doença tem mais de dois mil anos. “Os gregos já a descreveram com detalhes e a nomearam de ‘gota’, pois imaginavam que era um veneno, vindo da corrente sanguínea, que pingava, gota a gota, na articulação doente, pois as dores ocorriam em fisgadas lancinantes. O primeiro sintoma da gota, na maioria das vezes, é um inchaço do dedão do pé acompanhado de dor forte. A primeira crise de gota pode durar de três a sete dias. Uma nova crise pode surgir em meses ou anos depois e comprometer a mesma ou outras articulações. Sem tratamento adequado, o intervalo entre as crises tende a diminuir, a duração a aumentar e mais de uma articulação pode ser acometida, sendo que com os anos as crises podem passar a ser contínuas e surgir acúmulos de ácido úrico nos tecidos, chamados ‘tofos’”, salienta o especialista.

Com o aumento da concentração de ácido úrico no sangue, ocorre a deposição de cristais nos tecidos, principalmente nas articulações, causando inflamação e, consequentemente dor e inchaço, acometendo, principalmente, as articulações do dedão, tornozelos e joelhos, esclarece o médico. Ele ressalta que a gota é caracterizada, inicialmente, por ataques recorrentes de artrite aguda, provocados pela precipitação, nos espaços articulares, de cristais de ácido úrico. “O quadro clássico consiste em dor que frequentemente começa durante a madrugada e é intensa o suficiente para despertar o paciente. Embora qualquer articulação possa ser afetada, sobretudo as dos membros inferiores, o hálux (dedão) é a articulação mais frequentemente envolvida na primeira crise.”

O médico explica que, além da dor, a articulação comumente apresenta-se inflamada com presença de calor, rubor (vermelhidão) e inchaço. “Também pode haver formação de cálculos, produzindo cólicas renais e depósitos de cristais de ácido úrico debaixo da pele, formando protuberâncias localizadas nos dedos, cotovelos, joelhos, pés e orelhas (tofos). Nas crises, sempre são acometidas grandes articulações, com os joanetes, tornozelos, joelhos e cotovelos”, salienta Ênio.

O especialista conta que a consequência é uma dor aguda, em que um toque de um simples lençol sobre uma articulação em crise é suficiente para piorar a dor. “Nessa crise temos sinais de calor intenso, vermelhidão e dor ao simples toque. Assemelha-se a um ponto inflamado que viria a furo, como se fosse um abcesso. Mas na gota existem somente cristais de microagulhas de ácido úrico na membrana interna da junta acometida com glóbulos brancos, liberando uma resposta inflamatória intensa na tentativa de reabsorver esses cristais. Outras consequências, além da crise de dor, são a tendência à elevação da pressão arterial, insuficiência renal crônica, aumento do risco de doenças cardiovasculares e como infarto do coração. Os tofos podem se depositar na orelha, cartilagem do nariz, cotovelos e raramente em outras articulações. Crescem se a doença for mal tratada, formando caroços gigantes nos cotovelos e em superfícies extensoras principalmente.”

Ênio ressalta que a doença surge devido à tendência genética por aumento da formação ou dificuldade de eliminação dos cristais de ácido úrico. Daí a importância da dieta em pacientes predispostos. “Se existe essa predisposição genética, história familiar de gota nos parentes próximos, não evitamos essa doença, mas amenizamos a gravidade das crises.”

O que fazer para evitar crises
1) O tratamento deve ser contínuo, visto que a gota não tem cura.
2) Com o tratamento adequado, os níveis de ácido úrico normalizam e as crises de gota vão desaparecendo.
3) Consultar o reumatologista regularmente. A medicação pode ter que aumentar ou diminuir, de acordo com a dieta e/ou o estresse físico ou emocional.
4) Não comer em excesso carnes vermelhas, sardinhas, frutos do mar, miúdos, carnes de caça e filhotes de animais, como vitelo. Também evite algumas oleaginosas, como castanhas e amendoins.
5) Quando em tratamento e com os níveis de ácido úrico normais, o consumo de bebidas alcoólicas pode ser feito sem exagero. A pior bebida sempre é a cerveja, devido à grande quantidade de ingestão. Em segundo lugar vem o vinho tinto.

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