Atualmente, aproximadamente 7,6 milhões pessoas morrem de câncer por ano, que representa 13% da população. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 2020 podemos chegar a 16 milhões. Destes, 70% são em países em desenvolvimento. Doponto de vista farmacoeconômico é um desafio. Enquanto o Reino Unido gastou US$ 3.000,00 per capita em 2008 com saúde, a renda per capita no Quênia é de U$$ 8,30.
Em países ricos o debate sobre incorporação de tecnologias de alto custo, algumas com ganho prognóstico marginal e de relevância clínica questionável, é mais maduro. As discussões sobre custo-efetividade e custo-utility é frequente, especialmente em drogas contra o câncer. A situação se torna mais intensa em países onde pacientes frequentemente não tem sequer recursos para pagar o deslocamento até o local onde deveriam ser tratados. Muito pouco se fez até o momento para se estabelecer diretrizes e fluxogramas que incorporem conceitos de custo-efetividade para países com renda muito baixa.
A OMS descreve, também, uma lista de mais de 700 intervenções utilizando o critério de disability-adjusted life-years (DALYs), ou Ano de Vida Ajustado
Incapacitação, o que permite comparar investimento em cada opção. Por exemplo, tratar câncer de mama inicial com cirurgia e radioterapia custa aproximadamente US$ 80,00 por DALY enquanto quimioterapia para doença metastática é US$ 5.000,00 por DALY. Este tipo de dado permite que gestores públicos foquem esforços e investimentos naquelas estratégias com melhor relação de custo efetividade. Estes cálculos podem, também, ajudar a definir quais protocolos de quimioterapia são prioridade na incorporação. Evidente que aqueles que oferecem chance de cura são prioridade em comparação com aqueles que mudam desfechos intermediários.
Outra forma de uso da ferramenta é, em cima do desfecho que cada intervenção oferece, definir qual o valor compatível para precificação com os critérios de custo-efetividade pré definidos (value based). Ampliaremos este tema no futuro.
É oportuno e pertinente, portanto, que se abra discussão sobre qual o valor per capita que necessitamos para usar o que é considerado padrão ouro sob olhar critico de medicina baseada em evidência com desfechos clinicamente relevantes.
É justo que, individualmente, possamos lutar por recursos infinitos para minima mudança na evolução de doenças graves mas a verdade é que, se pretendemos beneficiar todos e cada um, não pode imperar a lei do “cada um por si”.
postado por Stephen Stefani
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