Deterioração psicomotora associada aos medicamentos atuais limita o uso como analgésico
Londres - Uma equipe de cientistas do Instituto Nacional de Saúde de Bethesda (Estados Unidos) analisou a possibilidade de criar uma variante do cannabis - planta que dá origem à maconha - para uso medicinal que anule as propriedades alucinógenas da substância original, mas que conserve a capacidade analgésica.
Em um estudo publicado na revista digital Nature Chemical Biology, os pesquisadores descrevem como é possível obter substâncias que minimizem os efeitos alucinógenos ao se modificar os componentes dos atuais remédios baseados em canabinoides.
O consumo deste tipo de medicamento se associa a uma significativa deterioração psicomotora, o que limita seu desenvolvimento como analgésico de uso clínico.
Tanto os efeitos psicoativos quanto os efeitos analgésicos da maconha são determinados pelo componente ativo o THC (tetrahidrocanabinol).
É conhecido que os efeitos alucinógenos da substância se devem à interação do THC com o receptor de canabinoides CB1R, mas o mecanismo pelo qual se produz o efeito analgésico se conhece com menos detalhes.
O grupo liderado pelo cientista Li Zhang constatou que os efeitos analgésicos da maconha são provocados pelo THC quando age sobre o canal iônico GlyR, um receptor do aminoácido neurotransmisor glicina.
Os pesquisadores observaram como o THC se une a alguns segmentos da transmembrana do GlyR e como se produzem interações entre os constituintes químicos do tetrahidrocanabinol e o receptor.
O estudo conclui que eliminar os grupos Hidroxilos do THC permite obter um composto do cannabis que não ative o GlyR.
Com esse conhecimento, o grupo de Zhang foi capaz de desenhar substâncias análogas ao THC que ativam o GlyR, mas que não aumentam a atividade do CB1R, por isso conservam suas propriedades analgésicas, mas não as psicoativas.
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