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segunda-feira, 23 de maio de 2011

InCor obtém aval para transplantar pulmões que seriam descartados

No ano passado, ainda em fase de testes, 24 pulmões foram recuperados no instituto - que é referência em transplantes no País. A expectativa da equipe médica é conseguir dobrar o número de cirurgias; hoje há ao menos 85 pessoas na fila no Estado de SP


A equipe do Serviço de Cirurgia Torácica e Transplante Pulmonar do Instituto do Coração, em São Paulo, foi autorizada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) a implantar pulmões recondicionados em pacientes.
Esses órgãos ficam aptos depois de passar por uma técnica, desenvolvida na Suécia, que lhes devolve a capacidade de oxigenar o sangue - sem o procedimento, seriam descartados. As primeiras cirurgias com a nova técnica estão previstas para agosto.

Na primeira fase da pesquisa, no ano passado, 24 pulmões foram recuperados no Incor, sem que fossem implantados nos pacientes. O nível de oxigenação no sangue que circula pelos pulmões "salvados" melhorou em média 150%. No mesmo período, o Incor fez 30 transplantes do órgão. A expectativa é de que a técnica permita que se dobre o número de pacientes transplantados.

"O pulmão é o órgão que mais rapidamente se degenera. De dez doadores não-vivos de rim, a chance de aproveitar o pulmão desses doadores é de 10%. Acreditamos que poderemos alcançar entre 15 e 20% com o recondicionamento dos órgãos", afirma o chefe do Serviço de Cirurgia Torácica e Transplante Pulmonar do Incor, Fabio Jatene.

O pulmão sofre impacto grande nos traumas que levam à morte cerebral (condição que permite o transplante) - seja porque foram diretamente atingidos, seja durante o tratamento para tentar salvar o paciente, que recebe muito soro a fim de estabilizar a pressão e manter os rins em funcionamento. Esse líquido acaba infiltrando os pulmões, e provocando os chamados edemas pulmonares. Os órgãos perdem a capacidade de oxigenação e acabam descartados.

São esses os órgãos que podem ser reaproveitados. Eles são retirados em bloco (os dois pulmões) do doador, colocados num recipiente e ligados a um aparelho de circulação extracorpórea. Uma solução mais densa do que o soro é injetada pela artéria pulmonar e circula pelo órgão, "atraindo" o líquido que está nas células, pelo processo chamado de osmose. A solução - protegida por patente - pode ser aquecida ou resfriada.

Resultados. Pelo protocolo de pesquisa autorizado pela Conep, 20 pacientes receberão o pulmão recondicionado no Incor e serão acompanhados por um ano para a publicação dos resultados. O paciente terá de assinar um termo de consentimento e ele pode, inclusive, recusar o órgão recuperado.

"É uma técnica segura, já utilizada em outros países. Recentemente, o Hospital Geral de Toronto publicou os dados de 31 transplantes com pulmões recondicionados. E os resultados são iguais aos pulmões normalmente utilizados", afirma Jatene. Hoje, 85 pacientes aguardam na fila para transplante pulmonar, somente no Estado de São Paulo.

Segundo Jatene, o sucesso da técnica leva os pesquisadores a discutir se mesmo os pulmões que têm as condições consideradas ideais para o transplante devam também passar pela processo de recondicionamento, para aumentar a capacidade de oxigenação.

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