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terça-feira, 12 de julho de 2011

Apoio às famílias aumenta índice de cura de leucemia em crianças

Em menos de 30 anos, hospital especializado em câncer pediátrico no Recife quase triplicou sua taxa de sucesso

O Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (Imip), no Recife, aumentou o índice de cura de crianças com leucemia de 29%, na década de 1980, para 80%, na primeira metade da década de 2000. A melhora ocorreu após a criação de um programa que garante a permanência da família no Recife, aumentando a adesão ao tratamento. Outra frente combate o diagnóstico tardio - a primeira causa de morte por doenças na faixa de 5 a 19 anos.

Leo Caldas/AE
Leo Caldas/AE
Em tempo. Josefa Barbosa e o filho Ryan, diagnosticado cedo
 
A experiência foi apresentada no Rio pelo médico Francisco Pedrosa, diretor do Serviço de Oncologia Pediátrica do Imip, no 1.º Fórum de Oncologia Pediátrica, realizado pelo Instituto Desiderata. Nos anos 80, Pedrosa estranhava a diferença entre o índice de cura do St. Jude Children"s Research Hospital, nos Estados Unidos, de cerca de 70%, e a do Imip. A "tremenda pobreza" era a causa principal, diz.

"A mãe vinha acompanhar o filho doente e o pai ficava no agreste, para cuidar dos outros filhos. Às vezes tinha de parar de trabalhar. Com dois dias de tratamento, ele batia no hospital para levar a mulher de volta." O índice de abandono era de 20%.

Em 1985, foi fundada a ONG Núcleo de Atenção à Criança com Câncer (Nacc), para dar apoio às famílias dos pacientes. Além de fornecer cesta básica mensal, garante a estadia no Recife durante o tratamento.

Hoje, a organização tem um edifício de dez andares, no bairro Aflitos, onde 120 crianças se hospedam com seus acompanhantes. Artigo publicado no Journal of the American Medical Association (Jama) mostrou que a atuação do Nacc reduziu o índice de abandono para 0,2%, entre 2000 e 2005. O serviço se mantém, principalmente, com doações dos usuários.

Pedrosa também viajou até o Tennessee para conhecer de perto a experiência do St. Jude. Voltou com um convênio para treinar médicos, enfermeiros e psicólogos nos EUA, além de um sistema de telemedicina que permite a discussão de casos em tempo real. O Imip foi reformulado e as enfermarias passaram a ter dois leitos. "O que mata mais o paciente oncológico pediátrico não é o câncer, mas a infecção hospitalar", explica Pedrosa. As mortes por infecção caíram de 30%, nos anos 80, para 7%, entre 2000 e 2005.

Na década de1980, o Imip recebeu 101 pacientes com leucemia e 29 sobreviveram. Na primeira metade dos anos 2000, 226 crianças com a doença foram tratadas ali e a sobrevida foi de 80%. A mortalidade pelas demais formas de câncer ainda não havia diminuído - estava em 60%. "Os pacientes chegam em estágio extremamente avançado, com metástase em vários órgãos. Ele responderá mal ao tratamento no Recife, nos Estados Unidos ou na China", afirma Pedrosa.

Diagnóstico. Aos 2 anos, Ryan Barbosa, morador de Orobó, no agreste pernambucano, sentia uma leve dor no pé e tinha manchas roxas nas pernas. A mãe, a dona de casa Josefa Barbosa, então com 26 anos, achou que não era grave. No posto de saúde, ouviu que podia ser virose. O menino, sempre levado, ficou abatido por uma febre que não passava.

Uma agente de saúde do Posto de Saúde da Família, em visita de rotina, estranhou o estado de Ryan. Ele foi atendido em Limoeiro, a 36 quilômetros de casa. Feito o diagnóstico de leucemia, Ryan passou a ser atendido no Imip, há 1 ano e 10 meses. Hoje, ele passa por quimioterapia oral em casa. "O médico disse que a chance de cura é alta, porque descobriram cedo", diz Josefa.

 
Fonte Estadão

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