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terça-feira, 12 de julho de 2011

Quadro da saúde pública no DF é alarmante, segundo CRM

A situação das unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) no Distrito Federal é alarmante e tem gerado prejuízos graves para a população local e dos municípios do seu entorno. No intuito de reverter essa desordem nas unidades públicas, o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) tem realizado constantes vistorias nos hospitais regionais e centros de saúde.

No período de janeiro de 2010 a abril de 2011, ocorreu uma média de 1.333 fiscalizações. O objetivo de tantas ações é identificar e registrar as deficiências de cada unidade para alertar, por meio de relatórios, os governantes e o Ministério Público sobre as condições precárias de atendimento e os fatores de riscos que os pacientes e os médicos estão submetidos.

Déficit de médicos - Algumas irregularidades são constantemente identificadas nas unidades de saúde do Distrito Federal, como, por exemplo, o problema de escala ocasionado pelo déficit de médicos em toda a rede pública. Os plantões funcionam, muitas vezes, com apenas um médico e muitos pacientes não são atendidos devido à falta de especialistas na escala. Entre outras consequências, essa situação tem gerado sobrecarga de trabalho para os profissionais que ainda restam no quadro.

Os fiscais do CRM-DF observaram ainda que as precárias condições de trabalho aliadas aos salários defasados afastam os médicos do Sistema Único de Saúde. Verificou-se, inclusive, que diversos médicos empossados por meio de concursos públicos já pediram exoneração do cargo, insatisfeitos com o quadro imposto aos profissionais.

Estrutura inadequada - Outra deficiência que prejudica os atendimentos nos hospitais da capital federal é a falta de medicamentos, insumos básicos e de manutenção nos equipamentos para exames, como tomógrafos e aparelhos de RX. O Departamento de Fiscalização do Conselho (Defis), inclusive, já localizou situações nas quais equipamentos novos permanecem encaixotados nos corredores das unidades.

Essa subutilização decorre da falta de verba e de condições estruturais necessárias para a instalação das máquinas. A constante presença de elevadores danificados, que prejudicam o transporte dos pacientes, também tem sido observada pelos fiscais, que assistem ao fluxo de usuários e profissionais pelas escadas. Não são raras as situações onde usuários e médicos são obrigados a dividir espaço com alimentos e lixo hospitalar.

Sem leitos – O atendimento público no Distrito Federal também pena com o inúmero insuficiente de leitos de internação. A situação se agrava diante de um fenômeno local: o grande fluxo de pacientes de pacientes de outros Estados que buscam assistência na capital federal. Um dos hospitais que mais recebem pessoas nessas situação é o Regional de Planaltina (HRP).

Atualmente, o HRP passa por uma reforma, cujos trabalhos levaram à redução do espaço físico destinado aos atendimentos. Essa situação poderia ter sido evitada caso a Secretaria Distrital de Saúde tivesse instalado na área um hospital de campanha para dar retaguarda à unidade durante as obras. A sugestão chegou a ser encaminhada aos gestores locais do SUS pelo presidente do CRMDF, Iran Augusto Cardoso. Sem as providencias corretas, assiste-se a transferência diária de pacientes do HRP para o Hospital de Sobradinho, comprometendo o quadro dessa outra unidade.

Agressões aos médicos – Mas os problemas não se limitam a Planaltina e Sobradinho. O Hospital Regional de Ceilândia, detentor de um dos maiores índices de atendimento do Distrito Federal (média de 1050 pacientes por dia nas emergências), registra inúmeros casos de insatisfação gerada pela superlotação. Essa sobrecarga tem causado até tumultos, que confirmam a falta de segurança e os constantes casos de agressão contra médicos e outros profissionais de saúde.

Já no Hospital de Base, maior unidade de saúde da capital federal, o setor de neurocirurgia, por exemplo, funciona sem insumos básicos, como fio de sutura cirúrgica, luvas e escovas para a realização da assepsia pré-cirúrgico. No momento da fiscalização, realizada em junho, a enfermaria do pronto-socorro dessa especialidade estava cheia. Não havia sequer espaço para realizar os procedimentos normais para os que já estavam internados. Havia até acompanhantes dormindo embaixo das macas por falta de lugar.

Apesar de recém-inaugurada, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia também apresenta problemas. Os membros do Conselho de Medicina alertaram o próprio Secretário de Saúde, Rafael Barbosa, sobre a necessidade de manter um número adequado de médicos e de oferecer uma estrutura apropriada, com equipamentos e salas suficientes, para o funcionamento da nova unidade. A intenção dos conselheiros é eliminar a sobrecarga desumana de trabalho dos médicos e a precariedade nas condições de atendimento, já existentes no local.

Busca de soluções - A fim de reverter a precariedade do Sistema Único de Saúde, o CRM-DF vem realizando constantes reuniões com a Secretaria de Saúde e o Ministério Público para conscientizá-los da situação de cada unidade e, ao mesmo tempo, cobrar dos mesmos medidas que solucionem cada caso. “A nossa intenção é retratar as irregularidades encontradas do Sistema Público de Saúde desta cidade. Desejamos que todos os problemas relatados sejam solucionados com celeridade, pois desta forma o médico poderá desempenhar seu ofício com mais segurança e a população ficará melhor assistida”, defende Iran Augusto Cardoso, presidente do Conselho.

Outra medida do Conselho contra a má gestão do SUS foi o ato de interdição ética profissional realizada na Clínica Médica e Pediatria do Hospital Regional de Samambaia. O intuito da ação era exigir soluções imediatas que sanassem a precariedade daquela unidade. Na época, a medida trouxe melhorias consideráveis para o hospital. O trabalho desenvolvido pelo CRM-DF resultou também em outros benefícios, após os encontros com o secretário de Saúde e as exposições dos relatórios de fiscalizações para as autoridades competentes, muitos aparelhos de exame foram instalados ou passaram por reparos, os elevadores de determinadas unidades de saúde também foram concertados. Vale acrescentar ainda que algumas obras foram iniciadas nos hospitais neste período.

Fonte SaudeWeb

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