Na sexta-feira, Pedro Arthur, 8, voltou de São Paulo para Belo Horizonte com um desejo na cabeça: comer churrasco.
O menino é a primeira criança no país a ter implantado um tipo de marca-passo de diafragma para respirar sem a ajuda do ventilador mecânico, como mostrou reportagem publicada no jornal "Estado de S. Paulo".
Pedro ficou tetraplégico depois de ter contraído meningite bacteriana causada por pneumococo quando tinha um ano e meio, em 2004.
A doença afetou a região do cérebro que controla a respiração, uma consequência rara da infecção. As funções cognitivas ficaram ilesas.
A cirurgia para colocar o marca-passo aconteceu no dia 7 de janeiro e, até ontem, quando recebeu alta, Pedro estava internado no hospital Albert Einstein.
Já no aeroporto de Congonhas, esperando o voo para Belo Horizonte, o menino contou que a primeira coisa que vai fazer ao chegar em casa é comer um churrasco e que está feliz com o resultado da cirurgia.
O pai, Rodrigo Diniz Junqueira Rocha, 37, diz que a operação foi possível porque a família conseguiu na Justiça que o Estado de Minas Gerais, onde eles moram, pagasse pelo procedimento. O custo passou de R$ 500 mil.
Nos últimos sete anos, Pedro tem usado um aparelho para respirar que é conectado à sua traqueia e aumenta o risco de infecções.
O especialista em cirurgia torácica Rodrigo Sardenberg, que fez a operação em Pedro, explica que o marca-passo estimula o nervo responsável pela contração do diafragma, músculo cujos movimentos fazem os pulmões se encherem de ar. A parte externa do aparelho, um tipo de rádio a bateria, transmite a energia para o marca-passo.
"Esse aparelho já é usado há 40 anos no exterior, mais de 3.000 pessoas têm. Em 2010, coloquei o primeiro em um adulto no Brasil. Não sei por que demorou tanto para chegar aqui", diz Sardenberg.
Por cerca de seis meses, Pedro vai continuar ligado ao respirador, enquanto o diafragma é "treinado" para responder ao marca-passo.
Sardenberg diz que a fala e a capacidade de deglutição do menino devem melhorar a partir de agora.
Luta
Rodrigo Rocha, pai de Pedro, fundou em 2006 o Instituto Pedro Arthur para lutar contra a meningite e reivindicar a disponibilização de vacinas. Hoje, a família vive de doações.
A imunização contra o pneumococo foi introduzida no calendário de vacinação do SUS há dois anos. A vacina contra meningite do tipo C também está disponível. No primeiro semestre de 2011, segundo dados do Ministério da Saúde, foram registrados 8.676 casos de meningite, 487 causados pelo pneumococo.
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