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domingo, 25 de março de 2012

Tuberculose extrapulmonar é comum e tem tratamento

Corpo humano sendo infectado pela bactéria da tuberculose
Doença pode afetar outros órgãos além do pulmão, fique atento aos sintomas

O Dia Mundial da Tuberculose (24) é importante para difundir informações sobre prevenção, sintomas e tratamento adequado. Segundo o infectologista Marcelo Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, a doença tem cura em 99% dos casos em que o tratamento é feito corretamente. "Em alguns casos, a pessoa pode ser infectada e a doença nem se manifestar", afirma.

Mas você sabia que nem sempre a tuberculose afeta apenas os pulmões? Embora o único meio de contaminação seja por meio das vias aéreas, a bactéria que causa a doença pode sair dos pulmões e entrar na corrente sanguínea, infectando outros órgãos. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 8 milhões desenvolvem a doença e cerca de 1,7 milhão morrem a cada ano. Só no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, são notificados anualmente 85 mil casos novos de tuberculose, sendo que mais de 10% dessas ocorrências envolvem infecções extrapulmonares. Aproveite a data para conhecer melhor a tuberculose extrapulmonar e tire dúvidas sobre sintomas e tratamentos.

Tuberculose pode afetar qualquer órgão?
Sim. Quando uma pessoa é infectada, o bacilo pode se alojar em qualquer área do corpo por meio da corrente sanguínea. "A bactéria fica concentrada em alguma região do organismo e pode ou não se manifestar, dependendo do sistema imunológico do indivíduo", diz Marcelo Ferreira. A tuberculose extrapulmonar atinge com mais frequência pacientes com dificuldade em conter a infecção, como recém-nascidos, pacientes com AIDS e pessoas com imunodeficiência.

Quais são os tipos mais comuns de tuberculose extrapulmonar?
Segundo a infectologista Sumire Sakabe, do Hospital 9 de Julho, uma das formas mais frequentes de tuberculose fora do pulmão é a ganglionar, que acomete principalmente os linfonodos - órgãos do sistema linfático - próximos ao pescoço. "Quando acometidos pela doença, eles aumentam de tamanho e, em alguns casos, podem formar pus", explica. Outros órgãos comumente acometidos pela tuberculose são ossos, olhos, pele, sistema nervoso central e sistemas urinário e reprodutor.

Os sintomas são iguais aos da tuberculose pulmonar?
Existem alguns sintomas que são comuns em todas as manifestações de tuberculose, como febre no final da tarde, sudorese noturna, perda de apetite e cansaço. Os demais sinais irão variar conforme o órgão afetado. Por isso, é importante procurar um médico sempre que a pessoa perceber os sintomas típicos da doença associados a qualquer outra alteração no seu organismo.

"Uma pessoa com tuberculose no sistema nervoso poderá ter convulsões, paralisia de algum membro ou até entrar em coma", exemplifica o infectologista Marcelo Mendonça, chefe do departamento de Infectologia do Hospital Santa Paula. "Já alguém com tuberculose renal poderá urinar sangue e ter dor na região lombar."

Linfonodos localizados próximos ao pescoço
Como é feito o diagnóstico?
Quando há suspeita de tuberculose extrapulmonar, o médico faz uma biópsia do local, que consiste na retirada de uma parte do tecido doente para análise das células. "Isso mostrará danos no tecido que podem levar ao diagnóstico da doença ou descartar essa possibilidade", diz a infectologista Sumire.

Feita a coleta do tecido, o médico usará um microscópio para procurar o bacilo da tuberculose e, caso não encontre em um primeiro momento, irá cultivar o tecido em meio propício para o desenvolvimento da bactéria, a fim de que ela se multiplique e seja possível identificá-la.

Marcelo Ferreira conta que também podem ser usados testes moleculares, que possibilitam detectar o DNA do bacilo da tuberculose na mucosa e na urina. "Utilizamos ainda exames de imagem (RX, tomografia, ressonância), que podem ajudar o médico a fazer o diagnóstico", diz. Esses últimos exames, porém, ajudam a identificar com mais propriedade apenas alguns tipos de tuberculose, como a renal e a cerebral. O infectologista afirma que a biópsia é o melhor método e o que dá mais garantia de identificação da doença.

O tratamento é igual para todos os tipos de tuberculose?
No geral, a doença é combatida em fases e exige o mesmo o tratamento em todas as suas formas, que dura seis meses. Durante os três primeiros meses, o paciente ingere uma combinação de quatro drogas, seguidos de mais quatro meses usando apenas duas destas drogas. Para formas graves, como tuberculose no sistema nervoso, o período de recuperação pode ser mais longo, durando até nove meses.

Esse tratamento é fornecido gratuitamente pelo SUS. "Ele deve ser diário e regular para que a doença seja completamente eliminada", diz Sumire Sakabe. Segundo a infectologista, quando o tratamento é interrompido, o bacilo cria resistência ao medicamento, o que dificulta a cura e agrava a situação do paciente.

Uma pessoa pode ter mais de um tipo de tuberculose?
Sim, qualquer pessoa pode ser infectada mais de uma vez e pode, inclusive, ter a doença em diversas partes do corpo simultaneamente. Segundo Marcelo Ferreira, esse tipo de infecção se chama tuberculose miliar e acontece quando o bacilo viaja para diferentes partes do corpo por meio do sangue. Nesses casos, o tratamento é prolongado e requer cuidados mais específicos, como fortalecimento da imunidade e outras medidas tópicas para cada órgão afetado. "A tuberculose também pode reaparecer em um indivíduo que já teve a doença, seja por não ter sido tratada adequadamente ou por uma nova infecção", acrescenta.

Uma pessoa com tuberculose extrapulmonar pode transmitir a doença?
Não. A doença só pode ser transmitida pelas vias aéreas, seja pelo ar ou por contato com mucosas infectadas. Uma pessoa que não tenha o bacilo alojado em seu pulmão não poderá expeli-lo na tosse, saliva ou muco. "Um paciente que não tenha tuberculose pulmonar sequer apresentará tosse ou qualquer outro sintoma relacionado ao sistema respiratório", explica Marcelo Mendonça. De acordo com ele, a tuberculose na laringe também tem chance de ser transmitida, mas em casos isolados.

Fonte Minha Vida

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