Mães que adotam também podem sofrer de uma condição similar à depressão pós-parto, a chamada depressão pós-adoção. As principais causas, aponta estudo, são o cansaço e expectativas irrealistas.
Ser mãe não é uma tarefa fácil, seja o filho biológico ou não. Mães que adotam passam pelas mesmas frustrações e dificuldades com seus filhos que as mães que passam por uma gravidez. Elas podem, inclusive, desenvolver a depressão pós-aborto.
A pesquisadora Karen J. Foli, da Universidade de Purdue, nos EUA, é autora de um livro sobre o assunto: “The Post-Adoption Blues: Overcoming the Unforeseen Challenges of Adoption.” (Depressão pós-adoção: superando os desafios imprevistos da adoção, na tradução livre). As informações que coletou para escrevê-lo ela colheu de um estudo que realizou com mais de 300 mães que haviam adotado uma criança recentemente.
Publicado no periódico Advances in Nursing Science, o maior indicador de depressão foi a fadiga – cansaço – e a expectativa que as mães fazem do processo de adoção, bem como as expectativas da família e amigos, apoio percebido de amigos, autoestima, satisfação no relacionamento e a dificuldade de criar laços com a criança.
O estudo também mostrou que os sintomas depressivos eram mais propensos nas mães que não tiveram acesso a todo o histórico da criança e, após a adoção, descobriram que o bebê era portador de necessidades especiais. No entanto, a pesquisa destaca que a depressão não foi correlacionada com as mães conscientes de que a criança que estavam adotando tinha necessidades especiais.
Por que acontece?
“Esses pais têm a expectativa de rapidamente estabelece uma conecxão com a criança e eles se vêem como super pais. Mas, e se a criança adotada esta na fase de dentição e não para de chorar ou se você desconhece que ela tem uma necessidade especial? Esta é uma fase difícil para uma mãe que já conhece a criança desde o nascimento, muito mais para alguém que está estabelecendo uma nova relação com a criança”, diz Foli. “Se as mães adotivas não conseguem estabelecer essa ligação com seu filho tão rápido quanto elas esperavam, elas comumente relatam sentir culpa e vergonha.”
Outra questão levantada pela pesquisadora é a falta de suporte aos pais que adotam. “Se sentir cansada é de longe o maior indicativo de depressão em mães que adotam. Nós não esperávamos ver isso, e não tínhamos certeza se a fadiga era um sintoma de depressão ou se a experiência de ser mãe era o que gerava a fadiga. Mas um traço comum na minha pesquisa foi a suposição de que se a mãe passar pela gravidez ou pelas dores do parto, ela não precisa de suporte social – como existem hoje os cursos para gestantes ou casais grávidos, por exemplo – em comparação àquelas que dão à luz”.
Agora a pesquisadora planeja iniciar uma pesquisa com foco na depressão em um estudo de longo prazo, para entender melhor questões relacionadas à ligação materna com a criança e satisfação conjugal.
Fonte O que eu tenho
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