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Lua cheia: estudo mostra que ciclo lunar realmente interfere no sono
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Muitos mitos já descreveram os poderes de uma lua cheia, de lobisomens à loucura súbita a convulsões inexplicáveis, mas uma nova pesquisa sugere um impacto bem mais rotineiro: um sono profundo pode ser mais difícil de acontecer quando a Lua está branca e redonda no céu.
O estudo sugere que o corpo humano é regulado não apenas pelo movimento diário do Sol, que determina o ritmo circadiano, mas também para as fases da Lua.
Publicado na edição online do periódico Current Biology, a ideia por trás da descoberta foi concebida em um bar, enquanto os pesquisadores estavam tomando uma cerveja.
"Muitas pessoas se queixam de sono ruim durante uma Lua cheia", disse Silvia Frey, neurobióloga da Universidade de Basel.
"Então, estávamos sentados no bar em uma noite de Lua cheia, discutindo esses relatos, e pensamos que talvez possamos revisar nossos dados e alinhá-lo com a data da Lua cheia", disse Silvia. "Foi apenas pura curiosidade."
Silvia e seus coautores então se sentaram para rever dados de sono que eles tinham coletado para um estudo anterior.
Esse estudo incluiu 33 pessoas saudáveis que passaram, cada um, três dias e meio no ambiente cuidadosamente controlado de um laboratório de sono. Eles não podiam ver relógios ou luz exterior. A temperatura e a umidade foram mantidas constantes. Os cientistas registraram seus níveis hormonais, atividade cerebral, quanto tempo demoravam para adormecer e tempo total de
sono.
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Para as duas primeiras noites de estudo, os participantes adormecer naturalmente e dormir como fariam normalmente.
Os cientistas pegaram todos os dados coletados nessas duas noites de sono normal, um total de 64 noites, e os comparou com as fases da Lua.
Nos quatro dias antes e depois de uma Lua cheia, os participantes do estudo tiveram reduções significativas na qualidade do sono. Eles dormiram em média 20 minutos a menos por noite. A quantidade de tempo gasto em sono profundo diminuiu cerca de um terço, e eles produziram menos melatonina, o hormônio que faz as pessoas se sentir sonolentas à noite.
Os pesquisadores admitem que o estudo tem algumas limitações importantes. Como ele foi baseado em dados preexistentes, eles não são capazes de saber como o sono pode mudar para um único indivíduo que tenha sido acompanhado por um mês inteiro. Mas eles dizem que essa mesma característica também pode ser positiva, porque sem esse recorte inicial, os dados não sofreram nenhum tipo de influência.
"Nós não esperávamos encontrar essas diferenças enormes, devo admitir", disse Silvia. "A queda da melatonina foi realmente inesperada. Ela aponta realmente para uma questão fisiológica, como um relógio lunar", disse ela.
Os biólogos têm mostrado que alguns tipos de animais, especialmente os marinhos, como caranguejos, têm relógios biológicos sincronizados com a Lua.
E um estudo recente descobriu que os pacientes submetidos a cirurgias cardíacas passaram menos tempo no hospital e tiveram taxas de mortalidade mais baixas, quando foram operados na época da Lua cheia.
Os cientistas admitem que não sabem ao certo porque a biologia humana pode estar em sintonia com a Lua. Silvia disse que isso provavelmente seja uma herança da evolução, uma característica surgida em um momento em que não era seguro para os seres humanos dormir profundamente sob a luz de uma Lua brilhante, que os tornava vulneráveis a predadores noturnos.
Um especialista que não esteve envolvido na pesquisa disse as observações eram intrigantes.
"Uma quantidade significativa de pesquisa tem sido feita sobre os ritmos circadianos em humanos, olhando para os ciclos de luz e escuridão dentro de um dia de 24 horas e como eles influenciam a produção de melatonina e do relógio do corpo em geral", disse Shelby Harris, diretora do programa de Medicina Comporta mental do Sono do Centro Médico Montefiore, em Nova York. "Este estudo é altamente incomum, porque ele olha para os ciclos circalunares em seres humanos", ela disse.
"Este é o primeiro estudo a estabelecer esta periodicidade também em adultos saudáveis", disse Shelby. "Mais pesquisas são necessárias para estabelecer uma base sólida para esta descoberta, mas é bem possível que outros resultados semelhantes poderiam influenciar o tratamento de distúrbios do sono no futuro", acrescentou.
Fonte iG
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