As noções de que a obesidade é prejudicial à saúde (é considerada uma doença pela Associação Americana de Medicina) e de que o exercício físico é benéfico já são bem conhecidas.
Estudos epidemiológicos recentes demonstram que a atividade física diminui o risco de diversas doenças e está associado a uma redução do tempo em que a pessoa fica doente nos anos de sua velhice (este conceito é conhecido como compressão da morbidade).
Novidades científicas sobre os benefícios da atividade física têm surgido regularmente. A última vem de Chicago, onde se realiza o 73º Encontro de Sessões Científicas da Associação Americana de Diabetes. Dois estudos utilizando camundongos e humanos demonstram que o exercício físico pode modificar o tecido adiposo, tornando-o metabolicamente mais eficiente, quando comparado ao tecido adiposo de um indivíduo sedentário, o que leva a um melhora na condição funcional de outros tecidos.
O treinamento por um determinado período de tempo, tanto de camundongos quanto de humanos, transformou o tecido adiposo subcutâneo (chamado de tecido adiposo branco) em tecido adiposo marrom. A diferença não é só na cor. O tecido adiposo branco é um estocador de energia ao passo que o marrom é metabolicamente mais ativo, o que aumenta o gasto energético e diminui a massa total.
A ligação entre o exercício e esta transformação do tecido adiposo é o músculo. O exercício induz no músculo a formação de uma proteína que é liberada no sangue e atua no tecido adiposo branco transformando-o em marrom. A atividade física regular levaria a um aumento constante da proteína Irisina no sangue, mantendo parte do tecido adiposo na forma marrom, que é mais eficiente no gasto de energia.
Estes estudos sugerem também uma associação entre esta transformação do tecido adiposo com uma melhora em outros parâmetros metabólicos como a captação de glicose e sensibilidade à insulina. Mesmo que o exercício não produza uma perda de peso imediata e visível, ele está “treinando” o seu tecido adiposo e tornando-o mais ativo, o que traz benefícios ao metabolismo do organismo e à saúde como um todo.
Há mais de dois mil anos Hipócrates, sem conhecer a biologia molecular ou a Irisina, disse: “caminhar é o melhor remédio”. Hoje entendemos um pouco melhor o porquê.
Atividade física produz resultados garantidos sobre a saúde. Você pode começar já, mesmo com dois mil anos de atraso.
Fontes:
- Archives of Internal Medicine. 2012;172(17):1333-1340.
- Published online August 27, 2012. doi:10.1001/archinternmed.2012.3400.
- Science 336, 42 (2012); DOI: 10.1126/science.1221688.
- New England Journal of Medicine 366;16 -1544-45 april 19, 2012
- 73rd Scientific Sessions- American Diabetes Association's, June, 21-25 Chicago.
Por ABC da Saúde
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