As experiências conduzidas até agora resultaram na obtenção da molécula na forma recombinante, ressaltou a coordenadora da pesquisa |
Segundo informou o banco, por meio de sua assessoria de imprensa, o
medicamento é inovador no mundo e se baseia em estudos feitos a partir da
genética do carrapato Amblyoma cajannense, que detectaram a existência
de uma proteína na saliva do parasita que tem ação anticoagulante, com potencial
anticancerígeno.
A coordenadora do estudo no Instituto Butantan, doutora Ana Marisa
Chudzinski-Tavassi, disse, por e-mail, à Agência
Brasil que toda a pesquisa básica para a descoberta da molécula,
entendimento do mecanismo de ação e obtenção dessa mesma molécula em escala
laboratorial, já foi feita no Laboratório de Bioquímica e Biofísica do
instituto.
A operação contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (Fapesp). A entidade contribuiu ainda para as etapas que
resultam na execução de testes, bem como para a implantação de
infraestrutura.
Os recursos do BNDES permitirão que a molécula seja obtida por meio de
protocolos escalonáveis. Ana Marisa destacou que esses protocolos “permitirão
tanto o desenvolvimento de todos os testes de segurança farmacológica, exigidos
pelos órgãos regulatórios, como o desenvolvimento de tecnologia e capacitação de
pessoal para a transferência do processo à empresa parceira neste projeto (União
Química) que produzirá o medicamento”. Trata-se, segundo a pesquisadora, de um
financiamento para etapas “muito importantes e críticas para o desenvolvimento
de uma molécula, caracterizado como inovação radical”.
As experiências conduzidas até agora resultaram na obtenção da molécula na
forma recombinante, ressaltou a coordenadora da pesquisa. “Conhecemos seu
mecanismo de ação tanto in vitro [em vidro] como in
vivo, isto é, em pequenos animais, sabemos o alvo molecular e, inclusive,
entendemos que se trata de uma molécula seletiva para células tumorais. Os
estudos até agora demonstram baixíssima toxicidade”. Acrescentou que a etapa ora
em curso objetiva obter material por protocolos escalonáveis, para complementar
os testes de segurança farmacológica e a transferência de tecnologia.
Indagada sobre os tipos de cânceres que poderão ser tratados com o
medicamento, Ana Marisa informou que as primeiras experiências em camundongos
mostraram que houve regressão de células tumorais e tumores do tipo melanoma,
entre os quais se incluem tumores de pele, rins, pâncreas e mama. Observou,
entretanto, que somente após os resultados dos testes toxicológicos, que
determinarão a segurança de tratamento para seres humanos, é que se poderá
prever o tratamento.
A União Química Farmacêutica Nacional, parceira do Instituto Butantan no
projeto, deverá desenvolver as fases de produção industrial e fases clínicas, em
caso de sucesso das pesquisas. A União Química é cotitular da patente e detém o
licenciamento para comercialização, informou a empresa, por meio de sua
assessoria de imprensa. Outro parceiro é o Instituto de Pesquisas Tecnológicas
do Estado de São Paulo (IPT), que participará do protocolo de produção.
Ana Marisa disse, ainda, que a molécula já tem patente concedida em diversos
países, entre os quais os Estados Unidos, o Japão, a Austrália e a China, além
do bloco da União Europeia.
Fonte Agência Brasil
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