Brasília - Pouco mais de quatro em cada dez jovens entre 18 e 29 anos
concordam, total ou parcialmente, com a ideia de que mulheres que se vestem de
forma insinuante não podem reclamar se sofrerem violência sexual e pouco mais de
10% são indiferentes a esse tipo de violência.
É o que mostra a pesquisa Atitude
e Tolerância: o Que os Jovens Pensam sobre Sexualidade, encomendada pela Caixa
Seguros, aprovada pelo Comitê de Ética da Faculdade de Medicina da Universidade
de Brasília e feita com o acompanhamento da Organização Pan-Americana da Saúde
(Opas) e do Departamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (DST/Aids)
e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Os resultados mostram alto grau de
desinformação, preconceito de gênero e contra homossexuais.
Para o coordenador da pesquisa, Miguel Fontes, que é doutor em saúde pública,
o machismo ainda está muito presente entre os jovens, “principalmente os
homens”. Pouco mais de 9% dos entrevistados concordam ou são indiferentes ao
fato de um homem agredir uma mulher porque ela não quis fazer sexo e pouco mais
de 11% têm a mesma opinião com relação a homens que batem na parceira que o
traiu.
Para a socióloga do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea) Jolúzia
Batista, essa geração de jovens sofreu um avanço conservador nos últimos anos.
Na sua opinião, uma educação não sexista nas escolas é fundamental para mudar
esse cenário. “Nós vemos que hoje a violência surge como uma forma de colocar a
mulher nos trilhos, de corrigi-la. É preciso investir em educação para mudar
isso“, defende.
Para a pesquisa foram entrevistados 1.208 jovens entre 18 e 29 anos em 15
estados e no Distrito Federal, sendo 55% mulheres. Os critérios da coleta de
dados, feita em 2012, são semelhantes aos adotados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística. O trabalho foi concebido e analisado pela John Snow
Brasil Consultoria, e a coleta de dados foi feita pela Opinião Consultoria.
Entre os jovens entrevistados, apenas 30% estudam e 56% já foram reprovados
no colégio. Mais da metade são católicos e quase um terço, evangélicos. De cada
dez, seis acessam a internet com frequência e cinco navegam pelo menos duas
horas por dia. A
maioria perdeu a virgindade entre os 14 e os 18 anos, 10% ainda não tiveram
relação sexual, 95% se declararam heterossexuais, 3% disseram ser bissexuais e
os 2% restantes, homossexuais.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário