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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Médicos brasileiros criam técnica que devolve ereção a quem tirou a próstata

Técnica desenvolvida por médicos religa os nervos
rompidos na prostatectomia, que levava à disfunção erétil
Cirurgia retira nervos da perna e liga com nervos que foram lesados por conta da retirada da próstata; técnica inovadora foi desenvolvida na Faculdade de Medicina da Unesp 

Médicos brasileiros da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) em Botucatu desenvolveram uma cirurgia que religa os nervos que foram rompidos durante a retirada da próstata, o que reverte o problema da impotência sexual. 

A técnica consiste em retirar um pedaço de cerca de 30 centímetros de um nervo na perna, dividir esse nervo em dois pedaços de 15 centímetros cada e fazer um enxerto no nervo lesado da face lateral do pênis. 

“Quando retiramos o nervo da perna do paciente (nervo sural), ele fica com a face lateral do pé como se estivesse permanentemente anestesiada. Mas é algo leve, que a pessoa nem se importa”, explica José Carlos Souza Trindade, urologista e coordenador da pesquisa. 

Depois da cirurgia, que é considerada pouco invasiva, o paciente vai para casa em até 48 horas e o resultado final da cirurgia – o fim da impotência sexual – pode aparecer em até 2 anos. O motivo da demora é porque é necessário que fibras cresçam a partir do nervo enxertado e façam a ligação com o nervo do pênis. 

“É possível comparar a cirurgia com um fio elétrico. Abrimos a capa do fio e expomos o cobre. Retiramos esses vários fiozinhos de cobre que estão rompidos e substituímos por outro, mas este outro demora cerca de 8 meses para crescer (fibras) e fazer a ligação com o outro nervo receptor, que seria na vida real o nervo do pênis”, explica Trindade. 

A técnica é complexa, mas os resultados são satisfatórios. Dos 10 pacientes que foram submetidos a essa cirurgia, quatro já podem se dizer curados e outros dois ainda não completaram um ano de cirurgia, tempo médio para se obter resultados. Segundo Trindade, o prognóstico deles é bom. Os outro quatro não tiveram bom resultado por conta de outros tratamentos como radioterapia para combater o câncer. 

Histórico 
O início dos estudos que levaram à essa técnica revolucionária foi um trabalho experimental de estrutura de nervos. “Publicamos em 1994. A técnica chamada término lateral foi desenvolvida por nós para outro uso, como recuperar paralisias musculares da face”, conta o urologista. 

O uso da técnica no combate à falta de ereção, apesar de já ter sido apresentada em congressos no Brasil e no exterior e ser amplamente discutida com o nome de “end to side” (tradução para Término Lateral), ainda será publicada em periódicos científicos, quando poderá servir de base para cirurgiões aplicarem a técnica ao redor do mundo. 

Participaram do desenvolvimento do estudo também os filhos de Trindade, o urologista José Carlos Souza Trindade Filho e o radiologista André Petean Trindade, além do cirurgião plástico Fausto Viterbo, todos da Unesp de Botucatu, além do anatomista Wagner de Favaro, que atualmente leciona na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

iG

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