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sábado, 26 de abril de 2014

Como viajar com crianças sem passar fome e sem apelar para industrializados

Thinkstock/Getty Images
Acostumar seu filho a comer comida em qualquer temperatura
 facilita a hora das refeições durante viagens
Culinarista ensina que viajar com papinhas e comidinhas caseiras para bebês e crianças pequenas requer planejamento e cálculo prévio, mas é possível e bem mais saudável
 
Viajar com papinhas e comidinhas caseiras para bebês e crianças pequenas é muito mais fácil do que parece, mas a gente só descobre isso quando quer de verdade. Requer algum planejamento e cálculo prévio, é verdade, mas é possí­vel. Dependendo do seu destino, quanto tempo você vai ficar fora e da infraestrutura disponí­vel no local, você não tem porque nem sequer pensar em comidas industrializadas para o seu pequeno!
 
Uma boa dica, que facilita demais sua vida em qualquer passeio curto ou viagem, é acostumar seu filho desde bebê a comer sua comida em qualquer temperatura – geladinha assim que sai da geladeira, em temperatura ambiente ou aquecida. Esse costume com diferentes temperaturas pode “salvar a vida” (no caso, salvar a refeição) se você não tiver como aquecê-las. É uma preocupação a menos, uma desculpa a menos para seu filho rejeitar a comida. Comigo, às vezes, chega a acontecer até hoje dos meus filhos comerem comida bem gelada mesmo, praticamente congelada porque a que eu trouxe já descongelada não foi suficiente para a fome de leão deles.
 
Dicas
Para conseguir viajar e não depender de comidas industrializadas invista, em primeiro lugar, em uma boa sacola ou caixa térmica. É nela que você vai transportar toda a “geladeira” do seu pequeno. Se fizer a conta, vai descobrir que uma boa sacola térmica custa menos do que um montão de papinhas industrializadas. Na véspera da viagem eu abro espaço no freezer e guardo a sacola lá dentro. Isso ajuda muito.
 
Junto com a térmica, uma boa providência para viagens maiores são garrafas de água congeladas para ajudar a conservar a temperatura baixa. Use água filtrada, assim, se a sede apertar, conforme a água for descongelando, você também tem o que beber.
 
- Embalagem: é possível comprar potinhos de vidro com tampa de rosco por menos de R$2,00 cada. Entre outras razões, prefiro o vidro e a tampa de rosca protege muito bem de vazamentos. O vidro que comprei tem o tamanho aproximado de um potinho médio das papinhas industrializadas - isso para o caso de bebês que ainda comem papinhas.
 
- Quantidade: eu calculo o número de refeições – almoço e jantar – durante os dias em que estaremos fora. Levo um potinho para cada refeição e na conta final acrescento dois ou três de reserva. Escolho cerca de três sabores variados que posso incrementar um pouco mais no meu destino apenas acrescentando temperos ou, quando possí­vel, acompanhamentos diferentes.
 
No dia da viagem, a última coisa a fazer, depois de malas prontas e todos prontos, é tirar tudo do congelador e colocar na térmica. Assim mesmo, na última hora. A comida daquele dia eu procuro tirar mais cedo, mas o resto vai congelado. Já fiz viagem de mais de 8 horas usando esse método e as comidinhas e leites (que também foram congelados) chegaram perfeitos ao nosso destino.
 
- Onde levar: viajando de carro a sacola vai sempre na cabine, onde é mais fresco. Se o carro tem ar-condicionado, melhor ainda! Se não tem, escolho um lugar mais fresco, abrigado da luz do sol. No avião, vai como sacola de mão. Algumas empresas não gostam muito da ideia, principalmente se a sacola for grande ou pesada demais, mas um pouquinho de insistência nessa hora ajuda.
 
- A armazenagem: muitas vezes meus passeios são para a casa de parentes e, como todo mundo tem geladeira e congelador ou freezer em casa, fica fácil. É só chegar e armazenar tudo de forma correta.
 
Em hotéis a questão normalmente se resolve de forma simples, já que a maioria tem frigobar no quarto. Quando não tem (isso já aconteceu uma vez), recorro à cozinha do hotel, peço com jeitinho e alguém sempre me ajuda na hora de guardar tudo e ir retirando os potes conforme a necessidade. Se forem dois ou três dias de viagem, fica tudo na geladeira mesmo. Por mais tempo, congelador conserva melhor.
 
- O aquecimento: eu não uso microondas nem em casa. Um potinho com água quente e o costume de não dar papinhas sempre na mesma temperatura resolvem muito bem o problema. As torneiras dos banheiros costumam ter água quente e um copo, caso contrário, alguém do restaurante sempre ajuda no potinho com água quente. Dependendo do tamanho do recipiente, um aquecedor de mamadeiras também resolve o problema. E devemos sempre lembrar que comida gelada não mata ninguém, taí­ o sorvete para provar!
 
Quando levo frutas, compro algumas não tão maduras que duram mais.
 
Alguns ingredientes merecem cuidado especial. Ovos, por exemplo, quando levo – o que não é frequente – costumo armazená-los na própria caixa deles, dentro da térmica, que fica fresca o suficiente com tantos congelados. Eu não gosto de congelar leite por muito tempo, parece que muda um pouco a consistência (apesar do gosto continuar perfeito), então ele vai para o congelador apenas algumas horas antes da viagem. Cerca de 12 horas é suficiente.
 
Iogurtes e queijos vão da geladeira direto para a térmica. Como no caso dos ovos, o que tem de congelado em volta consegue manter o frescor necessário. Além disso, queijo congelado é horrí­vel!
 
As crianças maiores amam comer bolinho de carne na estrada - sempre fiz viagens longas de carro na infância e esse item nunca podia faltar. Um alimento delicioso e muito prático.
 
Você pode até argumentar que viajar com uma lata de leite em pó e alguns potinhos de papinha industrial (com modo de preparo duvidoso, óleos oxidados e ingredientes não totalmente conhecidos) é muito mais prático e rápido, além de não ocupar tanto espaço. Deixar para comprar qualquer coisa no supermercado do destino parece ainda mais fácil! Pode ser, mas eu acho mais prático mesmo ter um filho muití­ssimo bem nutrido que não fica doente nunca. Criança doente ou agitada demais não é nada prático. Sim, porque criança mal alimentada tem uma forte tendência a ficar agitada.
 
E tem a desculpa de que também é “só de vez em quando”. Esse argumento me apavora porque para o “de vez em quando” virar “sempre” é um pulo!
 
Para viagens ao exterior fica um pouco mais complicado, por isso na semana anterior à viagem, eu capricho ainda mais na alimentação das crianças. No avião, algumas empresas deixam que você entre com o que vai consumir durante o voo, mas confirme a informação antes. Durante sua estadia, pesquise com antecedência onde conseguir alimentos de qualidade. Viajar jamais deve ser sinônimo de comer porcaria!
 
* Pat Feldman é culinarista e criadora do Projeto Crianças na Cozinha, que traz receitas infantis saudáveis, saborosas e livre de industrializados. É também autora do livro de receitas "A Dor de Cabeça Morre Pela Boca", escrito em parceria com seu marido, o médico Alexandre Feldman. Na coluna “Cozinha com Crianças”, ela fala quinzenalmente sobre gastronomia infantil.

Delas

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