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domingo, 6 de julho de 2014

Surto de Ebola está fora de controle em regiões da África, alerta MSF

Surto de Ebola já matou quase 500 pessoas em três países da África Ocidental
Médicos Sem Fronteiras alertam sobre o risco de epidemia em áreas africanas; ao menos 500 já foram atendidos com doença 

Com o aumento exponencial no número de casos de Ebola na África Ocidental, a organização médica internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) alerta para o risco de uma epidemia regional.

"O surto está fora de controle', afirmou à BBC Brasil Mariano Lugli, diretor de operações do MSF na Suíça.

A equipe de Lugli lidera a assistência humanitária na região desde fevereiro. Com cerca de 300 profissionais em campo, a organização já atendeu cerca de 500 pacientes e está no limite de sua capacidade operacional.

Em quatro meses, o surto de Ebola que surgiu em Guiné já se espalhou para dois países vizinhos, Libéria e Serra Leoa.

"Há um movimento constante e intenso de pessoas cruzando fronteiras nesta região e os casos estão se espalhando rapidamente para mais províncias e países", explicou Lugli.

A doença já se alastrou para mais de 60 localidades diferentes na África Ocidental e ainda não atingiu seu pico.

"Em geral, isso deveria ter acontecido entre dois e cinco meses, mas é impossível prever especialmente porque agora há uma variante do vírus que causa febre hemorrágica e é muito perigosa", afirmou Lugli.

Até agora, 759 pessoas foram infectadas pelo vírus e 468 morreram. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), este é o maior surto de Ebola já registrado na história.

O vírus mata cerca de 90% das pessoas infectadas e o contágio acontece por contato direto com fluidos corporais, como sangue e secreções, de uma pessoa infectada. Não há vacina ou cura para a doença.

Plano de ação
No início desta semana, a OMS realizou uma reunião de emergência sobre o surto. Ministros de 11 países africanos se reuniram em Acra, Gana, para discutir como controlar o surto de Ebola.

No encontro, as autoridades concordaram em ampliar a coordenação e monitoramento da doença, com foco nas regiões fronteiriças. Para isso, a OMS anunciou a criação de um centro regional de apoio técnico em Guiné.

No entanto, a organização ainda não prescreve nenhum tipo de restrição a viagens para a África Ocidental ou entre países da região. Segundo a OMS, o risco de disseminação da doença é considerado alto nos países fronteiriços, moderado no restante do continente africano e baixo no restante do mundo.

"Agora a comunidade internacional reconheceu o problema e todo mundo entende a necessidade de coordenação, mas é preciso ver como isso se traduzirá em ação", afirmou Lugli.

Apoio local e internacional
Mobilizar líderes comunitários, religiosos e políticos para ampliar o conhecimento sobre a doença também foi outro destaque do plano da OMS.

"A coisa mais importante agora é sensibilizar a população e os agentes de saúde locais, além da maior coordenação entre as autoridades regionais para controle e supervisão de casos em aeroportos e portos", disse Lugli.

Há quatro meses, ele esteve em Guékédou, na fronteira de Guiné com a Libéria, quando foram registrados os primeiros casos.

"As pessoas estavam com muito medo e os médicos locais não conheciam a doença", explicou.

Na região, é comum o uso de medicina popular e curandeiros. Médicos têm pouca experiência em lidar com isolamento –a única alternativa de tratamento para o Ebola.

"Os pacientes que sobrevivem são aqueles que naturalmente desenvolvem anticorpos contra o vírus, mas para isso é preciso tempo e isolamento", explicou Lugli.

Estima-se que cada pessoa contaminada mantenha contato com ao menos outros 20 indivíduos, que também devem ser isolados e monitorados para controle do Ebola. Outro agravante comum é o descuido no manuseio de corpos de vítimas da doença.

Atualmente, o MSF é a única organização internacional humanitária atendendo vítimas do Ebola na África Ocidental.

"Estamos no nosso limite. É urgente que mais atores internacionais competentes também apoiem na resposta ao surto", afirmou Lugli.

BBC Brasil / iG

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